O corte

Nem tudo pelos ventos de Saturno é levado.

Há feridas que não deixam cicatrizes

Pois latejam, zombando de relógios previsíveis

E se intensificam com gatilhos de passado.

Nem todo choro acaba pela manhã;

Alguns permanecem calados no peito dolorido

De uma alma que pra si havia mentido

Sobre felicidade com assombroso afã.

Nenhuma terapia cura

A tristeza que o coração segura;

Dada pela secura

De palavras de mortos-vivos.

Não há poema ou livro

Que sirva de valoroso abrigo;

Talvez algum amigo;

Talvez outras gravuras...

Nem toda lágrima rola pelo rosto;

Nem todo perdão chega aos ouvidos.

Pensamos que a dor se havia extinguido,

Até que percebemos um eterno agosto.

Tom Cafeh
Enviado por Tom Cafeh em 21/04/2021
Reeditado em 03/05/2021
Código do texto: T7237379
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