Novos tempos

Atrás dos belos dias

havia mentiras

amontoadas...

glorificadas...

santificadas...

Mentiras do mundo

e de cada um....

Agora, quando se ergue o véu

todos se eximem.

"Nós vivíamos em paz

e, subitamente, chegou a punição

imerecida...."

Não, este poema não é

uma pregação de moral...

É só uma constatação...

Algo estava muito errado

e, continua errado,

mesmo diante da devastação.

Se há esperança, não sei...

como todos, fico aqui, defendendo

o direito à esperança...

fantasma que ronda as noites e dias

arrastando as correntes das lembranças...

involuntário escudo contra o mal...

"Enquanto existir o Sol..." dizem alguns

outros, completam: "enquanto existir vida..."

e, nas reticências o desejo oculto e explícito

de viver como antes....

quando nem sabíamos que éramos felizes...

ou, éramos infelizes, sem o saber...

Agora, o pacto com o momento nos obriga

a falar mais alto para sermos ouvidos

a abrir mais olhos para enxergar...

enquanto as máscaras abafam

as gotículas de todas as inconsequências...

Tempos novos, em que os julgamentos

espalham-se, ineficazes, pelo ar...

Mareluz
Enviado por Mareluz em 05/05/2021
Reeditado em 09/01/2022
Código do texto: T7248535
Classificação de conteúdo: seguro