Novos tempos
Atrás dos belos dias
havia mentiras
amontoadas...
glorificadas...
santificadas...
Mentiras do mundo
e de cada um....
Agora, quando se ergue o véu
todos se eximem.
"Nós vivíamos em paz
e, subitamente, chegou a punição
imerecida...."
Não, este poema não é
uma pregação de moral...
É só uma constatação...
Algo estava muito errado
e, continua errado,
mesmo diante da devastação.
Se há esperança, não sei...
como todos, fico aqui, defendendo
o direito à esperança...
fantasma que ronda as noites e dias
arrastando as correntes das lembranças...
involuntário escudo contra o mal...
"Enquanto existir o Sol..." dizem alguns
outros, completam: "enquanto existir vida..."
e, nas reticências o desejo oculto e explícito
de viver como antes....
quando nem sabíamos que éramos felizes...
ou, éramos infelizes, sem o saber...
Agora, o pacto com o momento nos obriga
a falar mais alto para sermos ouvidos
a abrir mais olhos para enxergar...
enquanto as máscaras abafam
as gotículas de todas as inconsequências...
Tempos novos, em que os julgamentos
espalham-se, ineficazes, pelo ar...