ORFANDADE

A humanidade te chocou, mas não te assumiu

E entre as suas definhadas penas

A faminta ave racional, tenta te comer no próprio ninho

Nasce sozinho novo homem,

Neo-zigoto lobo de si mesmo.

E tua madre depenada entre guerras

Sangra toda tua miséria capitalista

Sobre a terra...

Tua madre de tanto parir esperanças

Entrega-se, com o ventre dilacerado de angústia.

Estás órfão, sem eira nem beira

Marinheiro de primeira viagem, fingindo ser capitão.

Em busca de uma nova possessão.

Rasga o continente desse espaço que te aprisiona,

Berra ao mundo seu choro órfão e faminto,

Teu grito pelo poder

Tua ambição te consome.

Proscrito novo homem

No caótico mundo (pós) moderno.

Muitos te sondam os sinais vitais,

Mas não há quem te abrace ao colo

No solo árido da ambição

Rastejas novo, desnudo, irracional e só

Sobre os despojos deste mundo cão...

E eu, eu só observo...

By Nina Costa, in 24/05/2021. Mimoso do Sul, Espírito Santo, Brasil.

N.A.: Baseado na obra "Criança geopolítica observando o nascimento do homem novo", de Salvador Dali.

Nina Costa
Enviado por Nina Costa em 24/05/2021
Reeditado em 11/06/2021
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