No mar, as conchas
Olhos fechados sentem a brisa suave do mar.
Das conchas espalhadas na areia pressente a dor.
Lindas e retorcidas como emaranhados de amor,
Guardam pontas finas e agudas para rasgar.
Segue andando, destemida, não se nega a pisar.
Deseja ver o caminho; sentir, no rosto aberto, o calor.
Não importa que os pés tenham feridas de toda cor.
A alma desperta atravessa o sorriso franco a aflorar.
Na tarde, a praia fria anoitece, sombras a chegar.
Ela mergulha no mar, oferece lágrimas ao luar.
Rastros em pérolas negras e brancas a contrapor.
Cabelos de tempestade escorrem a emoldurar.
Os olhos adiante na estrada, fátuos a iluminar.
As vias de conchas, os pés descalços a compor.