VINÍCIUS... deixa-me tutear-te !
[ Vinícius ]
O poeta
é um explorador de auras
que descobre que o amor
é um caminho para a morte,
ou só um destino
que pode passar pela fuga
como pela anti-fuga
ou pela poesia
como pela anti-ela-própria.
Talvez mais boamente
um caminho seja
para uma certa distância
em que se aposta tudo
num jogo de emoções
sem jamais enjeitar a vida.
E tudo, mas tudo,
compulsivamente episódico
graças a um tempo
equilibrado e acrobático
no presente, futuro e passado
e mais compulsivo ainda
por uma qualquer forma
de se tornar fundamental
revisitar um ausente...
Aliás, tão deveras presente
quanto pode estar alguém
como Vinícius de Moraes.
À partida e em euforia
recordar o seu sorriso
e a sua alma eterna.
Depois, tudo o mais,
até a cachaça escocesa,
eventualmente imoral
e, sim!, o transcorrer
por veia, ou estrada,
por empatia, até mim,
do deleite-delito lúcido,
de todo o seu luar,
tão cheio... tão pleno...
que eu o pudesse ser
e a minha filha dissesse:
“És um luar lindo, pai!”
Agora sou eu que digo:
És, sim, Vinícius!
Será ousado revisitar-te?
E querer-te
em consubstancia?
Saravah luar amigo!
P. S.
Ah que já nem sei o que acabou
por ficar de cada um de nós
ao longo dos versos do poema.
Nem estaria a visitar-te
se não respigasse algum verso
(junto de um dedo de “scotch”)
dos teus cenários poéticos.
Para quem lê ficará o desafio:
Que há de Vinícius de Moraes
neste poema?
_____________________LuMe
Luis Melo [www.lumelo.com]