Cigarro de palha
A poeira da estrada
Que o carro véio levanta
Enche de nó e faz trança
Os cabelos da menina
E cá nos meus pensamentos
Fumo um cigarro de palha
Sentado numa toalha
Feita de folha de urtiga
Ah! Quem dera eu ser artista
Pra cantar esse lamento
Que é todo de sofrimento
E faz os meus olhos chorar
Assum preto eu seria
Na dor que trago no peito
Pra cantar todo o mal feito
Que eu vejo nesse lugar
Deus na certa me ouviria
Ainda que um tanto paciente
Deus! Ó céu tão inclemente
Semente vingue em meu chão
Pois se cidades se fartam
Da falta que me é demais
Será o céu de seus quintais
O mesmo céu do meu sertão?
Senhor! Tenha piedade...
Ou será que largou de mão?