A Fábula do Sol e da Lua

O sol mudou

o curso do rio

depois

iluminou o umbral

vestiu-a de Kilimanjaro;

noite, sidra e marfins

aos pés da lua

ele depôs.

Sem dar por contas

ela dizia:

“Por mim

qualquer cousa

seria”.

E por amar

assim

tanto, esta lua

verteu-lhe para o latim

uns mil poemas de amor

deu-lhe a pedra de toque

se esponjou na salmoura

colheu no jardim saduceu

dentre todas, a mais bela rosa.

E ainda assim

esta lhe falou:

“Não cuides tanto

por mim

pois compraz-me

qualquer cousa”.

Quando ficava mortiço

é que a lua aparecia

quando sem luz e mofino

fêmea, ela resplandecia.

E depois de dançar a larga

qual ninfa solta no céu

em um tal rito de alegria

ao ouvido do sol triste

a lua suave dizia:

“Senhor sol meu, tão querido!

Mal não lhe fará

entender o que lhe digo;

não me faltarão riquezas

amores e nem honrarias

porquanto minha é a dádiva

de banhar de nívea prata

sobre o mundo

a qualquer cousa”.

RicardoSReis
Enviado por RicardoSReis em 15/11/2007
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