Falta

Ao mesmo passo que as coisas vem caminhando bem por esses tempos,

sinto que um vazio profundo faz abrigo aqui dentro.

Nos ventos, poucos ventos, que por aqui circulam,

mechendo galhos de arvores e revirando a poeira.

Não sinto o frescor do qual era provável que sentisse.

Dos ventos, sobra apenas o medo, de que com eles vá embora

o que ainda resta. E ah... como é nobre o que me resta!

De tudo que ficou pra trás,

algumas lembranças ainda voltam a incomodar ligeiramente

quando vem a manhã, e as vezes permanecem durante todo o dia,

a apunhalar-me pela frente, me encarando... nos olhos!

Não sinto disso o medo que deveria sentir,

Nem me acovardo. Apenas sinto as punhaladas,

como um julgamento justo e tardio.

O que tenho agora, não me comove nem me inspira.

Não faço conta do que está agora tão palpável,

e parece-me tudo tão efêmero quanto da ultima vez,

tão raso quanto nascente de rio.

Não durmo e nem acordo esperançoso, e,

Somente a ansiedade me visita cigarro após cigarro.

Das coisas que deixo para o futuro,

prevê-las já não posso, e nem quero.

Quero apenas que se tornem um pouco mais brandas,

que tenham menos espinhos e tons mais nobres.

Quero agora o mesmo que sempre quis.

Quis o que irei querer por todo o sempre.

O que me falta é paz!