Rubro

Você sempre disse que sua cor favorita era vermelho

E eu comecei a gostar da mesma cor

Reparei quando suas bochechas coraram em um belo tom de escarlate

E quando você mordeu seus lábios pintados de carmesim

Mas por que você não sorri enquanto o sangue tinge suas roupas,

E ao invés disso olha para mim com uma expressão de dor?

Vazias são as veias de um sangue que já evaporou

Eu era um vampiro e você tinha o sangue mais doce que já presenciei

Amar nunca impediu que por dentro eu chorasse lagrimas

No fundo sou sentimental

Herdando uma boa dosagem que lirismo

É o pacto silencioso que tem a força para manter todas as coisas enraizadas

Cada gota de sangue inocente derramado

Procurando a paz

Ansiando pela guerra

São os dois lados de uma mesma moeda

Chorando lagrimas de almas que já se foram

Olhando do lado errado de uma janela castigada pela chuva

Você já se sentiu um espectador?

Vendo sua vida passar como um filme de Charlie Kaufman

O estranho, o desconforto e o absurdo

Mesclando-se a sensação de esquecimento e não pertencimento ao espaço-tempo

Quando já não havia outra tinta no mundo

O poeta usou do seu próprio sangue

Não dispondo de papel, ele escreveu no próprio corpo

Assim, nasceu a voz

O rio em si mesmo ancorado em um emaranhado de papeis

Impossibilitado de terminar outra história

Como o sangue

Sem voz nem nascente

A criatura bela apodrecendo

Enterrada em um buraco raso demais para se chamar tumulo

Melhor chama-lo de esconderijo

Presa em suas últimas memorias

A escuridão cercando a por todos os lados como um garra prestes a fechar

Lena Gomes
Enviado por Lena Gomes em 11/11/2021
Código do texto: T7383357
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.