CERTAS FRIAGENS

 

A manhã descendo degraus

Dentro do dia que cai das nuvens

Eu deixando-me afundar sempre

Tocando as possibilidades silentes.

 

Ninguém vai saber dizer no fim

O que causou mais intriga

A manhã descendo goela abaixo

Xarope para matar certas friagens.

 

O galo canta no canto do mundo

Alertando para a presença do algoz

Que mutila os sonhos enquanto sorri

As minhocas não sabem falar inglês.

 

Penso que se o dia fosse de outro tom

Um pouco mais escuro por volta das nove

O avião que corta o capinzal com sua sombra

Tornaria apenas um metal que toca o céu.

 

Não tenho dó do galo e do dia perdido

No meio do calendário no fim da agenda

Apenas lamento os encontros perdidos

E os beijos sem sabor de paixão juvenil.

Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 05/12/2021
Reeditado em 05/12/2021
Código do texto: T7400695
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