DIVÃ DE SOLTEIROS

Quando posso te encontrar,

deixo a vida correr em fluxos de ar.

À deriva do que está por vir.

Estúpida decisão a de não ativo navegar.

Sob racionalidade fálica,

sinto tua falta.

A distância me perturba.

A lembrança de teu dorso me exalta.

Sou asno, tanto quanto sou chama em alta.

Embora que iras tu possas me dar,

talvez ainda me queiras lidar.

Deixar rolar,

solto tal qual ondas do mar.

Revolto no encontrar, cavalgar e domar.

Enquanto encurta e estica,

o colo que rígido fica,

penetra uma silhueta muda.

Pulsa sua forma de vida,

aos poucos cura toda a ferida.

O tempo que longe arrasta,

breve passa.

O suor outrora contido,

revela.

Corpos desmanchando-se em arco,

descansando tal massa fermentada,

adormecidos no quarto por inteiros.

Tal um falóforo festeiro,

amanhã será outro dia,

ao longe...,

pura rebeldia,

num divã de solteiros.

Nenhuma garantia reparto,

com o mesmo devaneio que parto,

consolo-me.

Logo vem a saudade, tal um retrato.

Revejo, pelo sim pelo não, e me retrato.

Bato à tua porta,

onde me transformo.

Entre abraços e beijos, vinhos e feitos,

terminamos refeitos, no solo.

Azuis, desfeitos em mútuo colo.

Na cauda do vento da manhã, decolo...

jocase
Enviado por jocase em 16/11/2007
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