Outras Vidas

Outras vidas deambulam

No enigma desta mente.

Pensamentos coagulam

Em meu torno firmemente.

Sou cheio e mascarado

Mesmo quando sou sincero.

Sou papel de rebuçado

Dum sabor que nem eu quero.

Contribuo sem porquê

P’ró que sou que não me vive.

O que sou ninguém mo vê

E o que vivi não o tive.

Mas vivo o que em mim passeia

Como se de eu se tratasse.

E à minha vida encontrei-a

A pedir-me p’ra que a amasse.

Muitas luas se encherão,

Muitos sois se hão-de pôr,

Até que este coração

Consiga entender o Amor.

Perante isto encolho os ombros

Mostrando desinteresse.

Entretanto nos escombros

Olho a vida que se esquece.

Calo à força estes gritos

engulo em seco estes sapos.

Tenho visto os infinitos

A transformarem-se em trapos.

Lembro os sonhos que já tive

E comparo co’os de agora.

Há em mim algo que vive

Só p’ró sonho se ir embora.

Mesmo assim muitos cá ficam

na miragem, não na meta.

Dos que não se justificam

Minha mente está repleta.

Conto as metas pelos dedos

As que tenho ou foram tidas.

Só sem medos ou segredos

Se atingem outras vidas.

Krinkelhas
Enviado por Krinkelhas em 18/11/2007
Código do texto: T741892
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