PROTOCOLO DE NÉCTARES
o momento suspira ao ouvir a voz da alba que espera
e sopra pelas frinchas do muro a hera da saudade
para longe das fronteiras na memória da verdura
as sensações de vôo atávico
olha na parede caiada o mar em imagens pintadas
com calda encorpada em cor texturizada da pesca
e da caça, o fio de luz que estala o giro do mundo
no muro que cala, no tempo que passa
ouve a arte que penetra a manhã com sonhos de vida
em sílabas renovadas e se apodera das mãos
que chamam o sal da terra, num protocolo de néctares
ferventes ao toque que acompanha o mel que escorre
sobre o corpo do poema, em ondas de rima rara
crê na poesia que tremula,
pendão do amor e desejo
e se entrega o momento, mamilos erguidos
doces ao espanto da língua, em contraponto
ao arrepio do beijo