Estrada do sol de agosto

Na estrada cheia do sol de agosto

Já ia distante setembro e eu andava por lá

Meus olhos se perdiam no nada

No meu desandar seguia a contragosto

Sem nada querer observar

Sobre as águas que passavam pela ponte

Ecoavam os profundos silêncios

Das águas turbulentas que seguiam para o mar

Eu sentia suas dores

Se perdendo dentro dele

Cansadas de tanto chorar

Percorrendo longas distâncias

Nas vagas reentrancias

Feito vagalumes soltos na imensidão

Feito pessoas que perderam sua identidade na vida

Que permitiram cegamente se anular

Por medo de lutar

Nessa lenta despedida

Que se dá junto ao mar

Doces e salgadas águas se fundem

E tudo vira o mar...

Longas e infinitas estradas da vida

Cheias do sol de agosto

Já começava setembro

Estrada comprida sem fim

Cheia de profundos mistérios que se perdem no pó do tempo

Estrada que acaba no descomunal espaço que agora é todo do mar

Do mar que acaba na areia

E vira estrada de novo

Banhada pelo sol de agosto

E tudo vai recomeçar...

Carla Neumann
Enviado por Carla Neumann em 12/01/2022
Reeditado em 12/01/2022
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