UM ABRAÇO QUENTINHO
Há um frio pairando no ar e minha pele
Se dobra à friagem inesperada
O frio é como uma dor que mal curada
Nos pega de supetão e nos machuca
Um tremor balança todo meu ser
busco agasalho num casaco esquecido
que como um amigo distante, mas querido
vem socorrer-me numa necessidade
Este frio me faz perder parte da vaidade
porque me deixa com um ar de fragilidade
pedindo arrego a um casaco velho
Me faz sentir a ausência de algo qualquer
que ainda que tarde quando vier
vai me devolver toda a energia de um dia
E no calor eu vou me esquecer
de que sem proteção não posso viver
e este esquecimento será meu egoísmo
Não quero, porém, ser forte
tampouco da solidão quero heroísmo
que venha o frio me fragilizar
pois tendo um cobertor para me agasalhar
sentirei o abraço do amigo certo
Aquele que esquecido, está perto
e não me deixa em necessidade
pois como metáfora de sua amizade
nele me sentirei protegida
e, portanto,
mais segura, mais feliz de minha vida.