Dos Nobres Ofícios

Não há magnificência no ofício de ser poeta,

Tampouco no de ser físico.

É grande o poeta, como é grande o físico,

Tão somente enquanto coisas da natureza.

Dizer aos outros homens

“Eis a árvore verde que derrama as flores”

E compara-la ao cântaro que transborda

É tão vulgar quanto explicar a árvore

E não compara-la a coisa alguma,

Nem com outra árvore.

Cantar ou explicar as coisas é saber-se sozinho e insuficiente,

Do contrário, não haveria razão para cantar ou explicar as coisas.

A enfermidade do poeta,

Bem como a enfermidade do físico,

É saber-se pouco,

É sentir a grandeza aflitiva e misteriosa

Das coisas.

Fossem o físico e o poeta iguais às coisas,

Haveria mais silêncio no mundo.

Fossem o físico e o poeta superiores às coisas,

As árvores explicariam o físico

E cantariam o poeta.