ONDE CANTA O SABIÁ

ONDE CANTA O SABIÁ.

Choro presente nos olhos d’ água

que um dia o passado sorriu

Choro por quanto canta o sabiá

e vejo o quanto me encanta a mangueira que balança sem frutos

As rolinhas brincam nos telhados onde mora a poesia

Eis que plaina a solidão nas penas da andorinha só, pena,

E só

Os tempos são outros

O homem respira a poeira oriunda da sua ignorância

Onde trafega rara lembrança da necessidade em respirar

Quando o sol adormece a noite

escuto a melodia dos motores que circulam minha cama

O tic tac do relógio na parede mistura-se aos estalos do semáforo

que julga o direito de ir e vir

As buzinas, sopranos, aceleram o coração dos cardíacos

enquanto os pés afoitos da ganância exacerbada ultrapassam o limite de velocidade permitido

E assim

envelhecemos

mais cedo

Desde então, a andorinha pia no inverno pobre dos homens

Criado em computador e reproduzido via-satélite, a cabo

Estamos a cabo da pretensão salarial

E acabo de crer

em algum lugar da minha terra canta um sabiá

sobre um poste de luz elétrica

Eis o que resta

Clebber Bianchi
Enviado por Clebber Bianchi em 20/11/2007
Código do texto: T744503