Quinquilharia
P/ Rânia
Garimpo pedaços de história;
Fita de cabelo, prendedor,
Cartão de Natal, regador,
Castiçal, jogo de memória;
Arranjo empoeirado de tanto enfeitar,
Anel, pulseira, brinco, colar,
Mensageiro do vento desfalcado,
Calendário do ano retrasado,
Chave, concha, duende;
Coisa que se guarda, mas não se entende,
Da memória não se apaga,
porque está ainda presente.
As coisas que já deixamos de lado,
Ainda decoram o nosso passado.
Anjo, cruz, objeto místico;
Sinto que não tenho dom artístico,
Mas estou fazendo arte, com toda essa limpeza;
Um arranjo novo já vai estar sobre a mesa.
Quero abrir espaço para nova energia,
Descartando o que não tem mais serventia.
Cada objeto deste, pode um dia,
Voltar pra mim todo refeito;
Em forma de quadro, enfeite ou escultura,
O Universo se encarrega de dar um jeito,
Basta uma simples demão de ternura,
Pra toda essa quinquilharia
Transformar-se na mais concreta poesia;
Sinônimo de arte pura.