Inscrito em ossos

Levaram- lhe os olhos

como se arrancam raízes

Mataram-lhes os filhos

como se amassam frutos

.Silenciaram suas bocas

como sepultam-se vivos

Calaram sua alma

ao interditar-lhes a arte

Ruas e becos são sobras

do que se pretendeu chama

Quebraram-lhe ossos

como se derrubam árvores

Restou-lhes a história

guardada em vão nas pedras

inscrita nos vãos das memórias

Restaram mulheres

de preto eterno

-Las passonarías-

no concreto das ruas

"No passarán" ,dizem elas

no translúcido das tardes

.

Eles no entanto passam

(sempre passam)

com suas botas de ferro

Passam como epidemias

levadas por algum vento rubro

na avenida coberta de sangue

Marcia Tigani