Sem título(94)

Estouro como um poema nunca escrito

Impludo nas palavras omitidas -os poemas que não se escrevem

Rebentam dentro de nós- as palavras que me sonegam

Escrevo-as com sangue altissonante

Escrevo a vossa mudez na nudez da minha loucura

Visto-me de nada nos atavios das vossas mascaradas

Sorrio no meu homicídio

Venero as minhas mãos assassinas de mim

Honro-me no sabre do samurai

E socraticamente cicuto-me

Dionísio Dinis