A poesia ausente
Onde andará minha poesia,
Mulher adúltera, vadia?
De dia tanto me apavora,
De noite vem e me devora.
Onde seus cabelos tingidos,
Os olhos negros, tão fingidos?
Em qual cama estará seu sexo,
O seu pensamento sem nexo?
Se hoje ela tarda, até me ignora,
Ou sem adeus finge ir embora,
Amanhã voltará correndo,
Querendo dar, não se contendo.
_______
N. do A. - Na ilustração, Mulher com Véu Azul de Antônia Contra (Espanha, 1968).