A caminho da urna

São os deveres que me chamam

Como máquina me levanto da cama

E me encarrego de encargos sociais.

São definições íntimas às que me levam

A um ponto determinado

Para de um momento para outro

Ao me sentir embaraçado

Ter que acreditar em você.

São momentos de penúria

E de injúrias proferidas;

São sistemas que por seus lemas

Nos ferem com suas arestas.

Seria tão bom se nada disso fosse.

Seria próprio, mais humano, mais gostoso

Se pelas vias de fato, não tivesse o teatro

Não tivessem essas peças.

Seria tão bom se tudo fosse

E se fizesse novo, assim

Como um ato de nascer.

Seria marcante e relevante

A idéia de peças novas

Peças que falassem de amor fraterno.

Seria tão bom se tapassem os buracos dessas ruas

Pois não me deixam meditar e nem pensar

Em minha utopia política, já

Que hoje é 15 de novembro.

Vicente Freire – 25/08/1982.