Mercúrio
Deixo-me às palavras
Ao sentir que o silêncio,
Considerado ouro,
Pode valer tão pouco.
Evitando ficar louco,
Faço versos soltos
Exploro o que vivencio
E saio de alma lavada.
Às palavras me deixo
E logo sou apenas água
De um poço fundo
Inalcançável por tantos
Não me jogo aos prantos
Sou honra e submundo
Acesa a paixão negada,
Total perda do eixo.
E não me julga o papel
Aceita-me como sou.
Do muito que lhe dou,
Meu inferno e meu céu.
As palavras não deixo
Bússola a um horizonte
Antes que o sol desponte
É por elas que me queixo.