Versejo Insone

Não havendo como

Conciliar o sono

Nada a fazer, ponho-me

A monologar

Nesse modo insólito

Que me é tão próprio

De, no solilóquio

Ágil, divagar

Voo de passarinho

Pra longe do ninho

Curto meu caminho

Livre pelo ar

Pilho-me sozinho

Sinto-me mesquinho

Minto-me um tantinho

Só, que vai passar

Pleno adejo, vejo

Gente, afã, desejo

Um penhasco, um seixo

Vou-me estatelar

Lembro-me dum beijo

De cair o queixo

Queixo-me mas deixo

Isso me levar

Tomo uma corrente

De ar, fria ou quente

Rumo indiferente

Pra qualquer lugar

Já fico contente

Ao pensar que, à frente

Vou, possivelmente

A você chegar

João Esteves
Enviado por João Esteves em 01/06/2022
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