Versejo Insone
Não havendo como
Conciliar o sono
Nada a fazer, ponho-me
A monologar
Nesse modo insólito
Que me é tão próprio
De, no solilóquio
Ágil, divagar
Voo de passarinho
Pra longe do ninho
Curto meu caminho
Livre pelo ar
Pilho-me sozinho
Sinto-me mesquinho
Minto-me um tantinho
Só, que vai passar
Pleno adejo, vejo
Gente, afã, desejo
Um penhasco, um seixo
Vou-me estatelar
Lembro-me dum beijo
De cair o queixo
Queixo-me mas deixo
Isso me levar
Tomo uma corrente
De ar, fria ou quente
Rumo indiferente
Pra qualquer lugar
Já fico contente
Ao pensar que, à frente
Vou, possivelmente
A você chegar