Finitude

Sou finito, sou mortal

Se faço o bem, faço-o mal

Não há nem prata nem ouro

No monte do meu tesouro

De tão limitado, enfim

Trago infinitos em mim

Feito do pó, na verdade

Encerro uma eternidade

Possuo força sem braço

E lugar fora do espaço

Só existir não compensa

Devo ser um ser que pensa

E trilhar tranquilamente

Meu caminho indiferente

Cultivar virtude e vício

Em permanente exercício

Não acredito na cura

Pra minha branda loucura

Tampouco serão de ensino

Meus surtos de melhor tino

Espero que o ouvido certo

Minha voz encontre, aberto

Tudo então fará sentido

Poderei ser esquecido

De vez, ou quiçá lembrado

Por tempo indeterminado

Não sábio, eremita, asceta

Qual nada, apenas poeta

João Esteves
Enviado por João Esteves em 03/06/2022
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