Finitude
Sou finito, sou mortal
Se faço o bem, faço-o mal
Não há nem prata nem ouro
No monte do meu tesouro
De tão limitado, enfim
Trago infinitos em mim
Feito do pó, na verdade
Encerro uma eternidade
Possuo força sem braço
E lugar fora do espaço
Só existir não compensa
Devo ser um ser que pensa
E trilhar tranquilamente
Meu caminho indiferente
Cultivar virtude e vício
Em permanente exercício
Não acredito na cura
Pra minha branda loucura
Tampouco serão de ensino
Meus surtos de melhor tino
Espero que o ouvido certo
Minha voz encontre, aberto
Tudo então fará sentido
Poderei ser esquecido
De vez, ou quiçá lembrado
Por tempo indeterminado
Não sábio, eremita, asceta
Qual nada, apenas poeta