Uma menina e trinta e quatro homens

Menina bonita enfeita a grade da prisão

Entre trinta e quatro homens

Era ela a alimentação

Daqueles detentos sem qualquer moderação

Não adiantava dizer não

A qualquer hora um vinha em sua direção

Não tinha onde se esconder

Muito menos para onde correr

Seu estomago vazio doía pela fome

Obrigando-a a fazer a troca

Loucura? Cinismo? Covardia ou falta de vergonha

Demais para entrar em nossa mente

Estar ali por dois meses e servir de alimento

Deixando uma ferida que jamais cicatrizará

Em sua alma e como uma tatuagem em sua carne

Lá ficava aquela menina de mão em mão

Tristeza para ela, revolta em nosso coração

Apenas quinze anos e já tinha que lutar

Pela sobrevivência nesta revolução

De homens inescrupulosos cumprindo suas penas

Mesmo assim continuavam a transgredir

Dentro daquela prisão

Quanta insanidade nessas mentes vazias

Que não se importavam que ela

Poderia ser sua filha ou mesmo irmã

Na hora da partilha não se importavam... Não

Apenas queriam fazer prevalecer o machismo

Covardes!

Em um corpo de menina que não podia resistir

Pois se não cedesse não comeria

Triste martírio...

Ter que agüentar trinta e quatro homens

Ela precisava ceder ou então morrer

Por culpa da infeliz constituição

Que infelizmente não funciona... Não

Que lamentação...

Um caso que veio a público pela televisão

Que tenho certeza não fazemos idéia

O que passou essa menina na detenção

Muitas e muitas se encontram na mesma situação

Mas de que adianta... Todas têm medo

Medo do sistema do qual não se confia

Esperemos que a chama desse fogo

Não se apague facilmente

Dele se terá muitas conseqüências

Hoje foi essa menina...

No amanhã muitas terão a mesma sorte

Se esta chama for apagada indevidamente

Este lamentável episódio acontecido

Esta levará dentro do seu ser para sempre

Não importa para onde caminhe

Essa cicatriz em seu coração

Lembrando que se esforçou para não morrer

Lá naquela prisão

Onde por um tempo foi esquecida

Por uma constituição empobrecida que parecia

Não existir...

Felizmente o bem prevaleceu

E hoje esta notícia corre o mundo

Deixando um raio de luz para quem ainda sofre

Desta mesma sorte de que passou essa menina

Em alguma prisão seja aqui ou não