Armário
Desculpe pelo incômodo
Logo não serei lembrança;
Talvez nuvem passageira
Que o céu azul engole.
Porão ou sótão; cômodo
Pouca visita ou relevância
Móveis cheios de poeira
Livro que ninguém colore.
Desculpe por ser horário
Que desagrada seu relógio
Rima que insiste em fugir
Do seu poema perfeito.
Um estranho itinerário
Atrasando seus privilégios
E de tanto demorar a partir,
Já inteiramente afeito.
É que na minha miséria
Vejo banquete em migalhas,
Fechando os olhos às falhas;
A situações provisórias.
Penso que nunca sinônimos
Jamais tive tal esperança
A quem teme dar bandeira,
Devo ser o último gole.