O RELÓGIO

Morre a tarde,

silenciosa e quente...

Na mesa,castiçais

a reluzir cristais

aos raios multicores

do sol poente.

À minha frente,

centenário relógio,

no seu tic-tac sonolento,

relembra o passado.

Esquece-me o presente...

Vôo no espaço ausente...

Quantos, ora sem vida,

já te deram vida!

Tantos te contemplaram

elegante e belo,

na parede da velha casa!

Quantos irão te ver ainda

a marcar, solitário e indiferente,

a implicável, infinda,

passagem do tempo!...