Pedras

São de pedras,

muros e estradas,

pedras leves

por tempos tão quietas,

e se seguem

como sendo

sempre certas,

como marcas

de caminhos invisíveis.

Dormentes, calmas

quase mortas,

assistem ao desfile

sem desvelo,

convivem sem contar

com o desespero,

aos pés afiados

que lhe cortam.

São de pedras

os meus olhos

e os meus dentes,

pedras brutas

já cobertas pelo lodo,

não se sentem

como pedras dos caminhos,

mas se cansam

pelo enfado do engodo.

Vai meu coração!

em ti existe

as pedras

mais polidas deste mundo,

mostrai às outras pedras

que em teu fundo,

ainda vive

a bela pedra que insiste.

Marco di Aurélio
Enviado por Marco di Aurélio em 25/11/2005
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