Os "eus" da minha vida
Da vida nada entendo
Entendo de sentimentos
Entendo? Sentimentos?
Vida? Ah! Se a paz
desse-me guarida!
Meio louco, meio oco
Assim eu vou vivendo
Centrando-me aos poucos
Nessa busca, sempre nascendo.
E neste emaranhado
Os "eus" querendo emergir
Sinto-me, às vezes, cansado
Com tantos querendo existir.
Existe o controlador
Que me cobra o tempo inteiro
E quanto trabalho passo...
Com o danado do festeiro.
Existe também o coitadinho
Que às vezes quer aflorar
Mas como e o quê fazer
Com o ditador a controlar.
E do sonhador
O que posso falar?
Muitas vezes se sobrepõe
Tomando o seu lugar.
E o briguento então
Que em toda minha vida esteve
Sempre o dono da verdade e de muitas vitórias
Para o meu pior desespero ele nunca se conteve.
Botava o dedo em riste
E o verbo ia soltando
Ai meu Deus, que vergonha, que mico,
Sempre estava eu pagando.
Sempre o briguento e o controlador
Por grande parte da minha vida
E eu no meio dos dois
Muitas vezes perdida.
E o meu "eu" mais interessante
Qual seria?
O controlador, o festeiro, o coitadinho, o briguento?
É claro que se soubesse
Aos outros, abandonaria.
Mas qual quero realmente?
Dizer eu não saberia.
Preciso conviver com todos
Sem eles, EU não existiria.