Até que ponto

Este corpo que a gente ocupa como vermes e nele comete as maiores loucuras, até que ponto vai nos suportar, até que ponto.

Até que ponto vai o meu pensamento, momento, analisando este ser sem dimensão, se sou parte do seu destino e cometo, insano, terríveis desatinos.

Até que ponto iremos caminhar, senhores de si, se fazemos parte de um todo, como células a agitar um imenso organismo.

Até que ponto nos levará o conhecimento momento, dos grandes acontecimentos, que neste corpo se explora; se das veias que nele palpita à vida, inda não saímos da veia aorta.

Até que ponto, se somos vermes, iremos efervescer matando, morrendo e criando, tal qual as pragas que devoram os pendões da esperança.

Até que ponto este ser vai suportar estes abusos incontidos dentro de sua propriedade, momento que hoje lamento, esperando que este ser se leve pelos alentos a nos perdoar...

Até que ponto.

Vicente Freire – 01/01/1983