O B S E R V A Ç Ã O

A mesa do bar é a mesma, no mesmo lugar.

A garçonete é a mesma, cada vez mais linda.

O bar parece que mudou , não sei no quê, mas acho que mudou, é, mudou mesmo, está mais aconchegante.

Os freqüentadores mudaram, são mais jovens, mas são do mesmo jeito, porém estes falam de marcas, não de pessoas.

Começam pela aparência da “carne de costela”, falam de cigarros, tipos e gostos das balas, e até dos “pirulitos”.

Os ocupantes da mesa ao lado, falam de outro bar que é o máximo, mas preferem este.

Os meus colegas já se foram. Eu sou fiel, gosto daqui.

O homem da mesa ao fundo quer saciar a fome, pois come bastante; o que está em pé já passou da conta, assim como eu.

A garçonete está cada vez mais linda, já me olhou pela quarta vez e me trouxe a quarta cerveja.

Os ocupantes da mesa a minha oitava à esquerda parecem dois amantes, um é gordo e outro usa óculos, e se encaram profundamente.

O pessoal lá de dentro, não sei quem são, nem como são ou o que fazem, há uma parede que colocaram na minha frente, acho que é para eu não observar.

Silvio Cavalheiro, “ O Cara.! “

Silvio Cavalheiro
Enviado por Silvio Cavalheiro em 26/11/2005
Reeditado em 18/07/2016
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