POEMAS LIVRES

O BATISMO DOIS

Nessas águas do meu pai

Terei que ser batizado

Cumprimos as escrituras

João, meu querido primo

Tanto tenho desejado.

Senhor, que felicidade

Provar do rio sagrado.

João, batiza-me já

Essa vida nos espera.

Senhor, o povo precisa

Desta tua voz sincera.

Te procurei meu Senhor!

Por todos esses recantos

Gracias vos encontrei

Meu rei de todos os santos.

Jesus não consigo ter

Forças para me mover.

Levantares homem bom

Essas águas nos transmitem

Este tão sagrado som.

Oh! Milagre meu bom Deus

Sou feliz entre judeus.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de junho de 2022.

A GRANDE BOMBA DO PORTO

O Beirute explodiu

Por culpa desse nitrato

Fertilizante caiu

Amônia serviu o prato

País Líbano no caos

Nesse momento insensato

O porto todo quebrado

Me diga: Foi ou não atentado?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de agosto de 2020.

O BATISMO

Nosso senhor surgirá

Vindo por cima dos mares

Nos livrará dos pecados

E não quer ir pros altares

O nobre filho de Deus

O Cristo dos populares.

Tu és o tal pregador

Que fala mal do poder?

O que fazes nestas águas?

Me falas do teu dever.

Comente tudo pra nós

Queremos logo saber.

Eu não sou ninguém, não sou

Perante Cristo Jesus

O senhor dos oprimidos

Nosso bom facho de luz.

Joga tuas águas, quero

Me banhar de coração

Na calmaria do tempo

Do lindo rio Jordão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de junho de 2022.

DIA DA MULHER

Hoje comemoramos este dia

Dedicado às mulheres que são

Solteiras, casadas, divorciadas

Mães, amantes, filhas do coração.

A mulher é aquela que nos dá a luz

Aquela que carregou no ventre, Jesus

Mães que são jovens com seus famosos rebentos

Trazendo vida, vencendo todos tormentos.

Mulheres que são flores em lindos jardins

Mulheres são vidas brotando várias vidas.

Hoje desejamos paz a todas mulheres

Luz que brilha no sentimento maternal

Meninas, moças, jovens, velhas e senhoras

O mundo sem olhos femininos faz mal.

Parabéns mulheres guerreiras do país

Fagulha divina que nos faz tão feliz.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de março de 2022.

A GRANDE PERGUNTA DA PARCELA

AO DECASSÍLABO MUSICAL

“Que País é este?” A frase instigou

A burguesia fede, ele falou

“Pode ser o País de qualquer um

Mas não é com certeza meu País”

Livardo explicou, tanta gente diz

O que Cazuza armou nesse Brasil

Não foi covarde e nunca fugiu

Está difícil hoje ser feliz.

A arte ganha sentido na política

O que fazer com essa nossa crítica?

Foi bem preciso esta frase completa

Moribundos chegam a quase cem

Este País é terra de ninguém

O vírus vem da imensidão de rede

Eles fogem, a justiça dá sede

No poder há o mal, somos vintém.

O decassílabo de Livardo Alves

Parece muito querer dizer

A parcela de Cazuza reflete

Versos amarrados feito confete

Corrói a terra esse maligno poder.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de agosto de 2020.

A SOMBRA DO CAJUEIRO CURANDO FEBRE

Ao lado do meu cajueiro, nesse imenso quintal

Fecho os olhos meditando no balançar do coqueiro

Meus olhos ardendo em febre, me deixou bastante mal

A cabeça perambulando me fez ser passageiro

Não tenho como fugir desse país ocidental

Abro meus olhos e me sinto sendo um bom estrangeiro

Daqueles que riem achando que tudo é normal

Entretanto, nesse quintal, sou um sozinho brasileiro

Pronto para curar a dor nesse calor tropical

Foi embora aquela febre pela sombra desse cajueiro.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de setembro de 2020.

A VALSA DE UM LOUCO

Dancei essa valsa do tempo

No tempo de tanta espera

Eu feito um louco varrido

Um pouco bem escondido

Quando percebi um espelho

Eu me vi num tom vermelho

Sendo eu uma tremenda fera

Que nunca se desespera.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de novembro de 2020.

A VERDADE TÃO SOMENTE

De profunda importância

Fatos acontecidos

Um ente dos mais queridos

Sucumbir pela ganância

Dos que possuem ignorância

A dor que nos causa saudade

Que tentou perdoar a maldade

É aí que se encontra a grandeza

Mesmo no campo de toda incerteza

O que importa é somente a verdade.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de agosto de 2020.

ÁGUA NO FOGO

Autor: Bento Júnior

Água no fogo pra fazer café

Me faz um chamego no pé do umbigo

Rodo na rede e faço cafuné

Você que faz tudo em nome da fé

Tomo meu café e vem o castigo

Boca tão doce te faço mulher

Rolo na rede não quero parar

Você sorrindo não pensa sofrer

Café esfriou não vou mais tomar

Chamego tão bom que nem vou contar

A mão passeia sem você saber

Tomo café na rede a balançar.

João Pessoa-PB, 26 de junho de 2020.

ALEXANDRINOS CORAÇÕES

No coração do poeta tem um abrigo

Que vai sucumbindo as maldades desse mundo

Eu sozinho me despenco na ribanceira

E não me sinto cansado num sol profundo

Tiro o alforje no meu peito de viajante

Dividindo todo espaço com vagabundo

Na cabeça de poeta existe segredo

Que tira da cartola o sonho mais fecundo.

No peito ardente que não se abate no tempo

Mora o silêncio de viver qualquer pecado

Poeta é peça que faz o movimento

Nessa ladeira obscura de todo passado

Nesses tempos de crise a frase é de paz

E vivendo sozinho não é fracassado

Ele sobrevoa as mentes dessas perguntas

Respondendo de ímpeto mais que fechado.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de julho de 2020.

MENINAS ESTRÁBICAS

Meninas de retinas arregaladas e corações sangrando

Perfeitas e gentis de cílios sob as chamas que clamam amor

Te desejamos de todas pestanas nestes olhares perversos

As santas estrábicas que carregam no semblante toda dor.

Somos simples andarilhos do tempo

Que buscamos verdes olhos sofríveis

Frágil olhar de cretino querendo

Mexer vossas lágrimas perecíveis.

Nunca sentiremos teu perfume grudado na pele vermelha

Porque nesta visão do que pregas entre capachos e letrados

Só haverá de ser enquanto resposta destes pesquisadores

O desfrutar das falácias perversas destes povos abastados.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 16 de outubro de 2018.

ATRÁS DAS GRADES

Misteriosamente arrependido

O bom menino saiu a reclamar

Na reclamação se ouvia verdade

E sua verdade era desmentida

O tal guarda não quis acreditar

Pois preferiu matar o menino

Hoje esse menino serve de exemplo

Das lutas em que todos nossos guardas

Estão se refletindo atrás das grades.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de julho de 2020.

AUTOAFIRMAÇÃO

Eu zerei meu estoque de sentimento

E fiz da minha vida um labirinto

Construí tantos degraus de tormento

E mostrei o caminho desse meu instinto

Falei pra mim que sou feito momento

E de paixão confusa nada sinto

Se me encontro num triste movimento

Saio firme cantando e assim, eu minto.

Minto que se envolver é ilusão

E não aceitando sonhos, me defendo

Na defesa eu alivio o coração

Posso assim a ter tudo que pretendo

Há em mim um não querer emoção

E quando a razão chega, logo atendo

Nem gosto de pensar em ser canção

Porque no fundo tudo vai morrendo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de novembro de 2020.

BEATIFICADOS

Beatificados aqueles que acham

Beatificados aqueles que amam

Beatificados aqueles que batem

Beatificados aqueles que bolem

Beatificados aqueles que cabem

Beatificados aqueles que lambem

Beatificados aqueles que mentem

Beatificados aqueles que morrem

Beatificados aqueles que movem

Beatificados aqueles que nascem

Beatificados aqueles que olham

Beatificados aqueles que querem

Beatificados aqueles que riem

Beatificados aqueles que saem

Beatificados aqueles que servem

Beatificados aqueles que surgem

Beatificados aqueles que traem

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 16 de novembro de 2020.

MÁGOAS FLORIDAS

Se magoas o meu peito

Mágoas em mim ficaram

Se ficaram magoadas

Nas noites de trovoadas

Meu pecado me grudou

Enlaçando todo peito

Tão delicado sem jeito

Meu riso petrificou

As pedradas desta vida

Nas flores de margarida

Somente mágoa mostrou.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de agosto de 2022.

POEMA DOS MOTES

Numa pequenina sala

Eu sonhava beijando ela

Senti a força de viver

E fiquei pensando nela

Meu coração bate forte

Te vendo dentro da cela

Não sei mais o que fazer

Montando em burro sem sela.

Vivo triste nessa casa

Só perdendo a paciência

Já cansado desse tempo

Só tenho fé na ciência

Olho para todo lado

E só vejo incoerência

O meu amor tem uma chama

Que leva à indecência.

Quem chora sabe que sente

Quem ver não sente quem é

Se esse amor fosse pecado

Não teria mais mulher

Meu coração faz mistério

Que não respeita nem fé

Toda árvore dá flor

E todo carro tem ré.

Eu tiro onda sem saber

Conquistando as criaturas

Ao haver um falatório

Ha fumaça nas alturas

A liberdade da espera

Provoca doces loucuras

Na mesa minha tristeza

E sobre esse chão, canduras

Nunca é tarde em começo

Pra dar fim o que restou

Quando só penso em voltar

Sinto falta do teu amor

Longe de quem a gente ama

É sofrer calado a dor

Parece que o tempo voa

Quando lembro o que passou.

A sombra do meu cajueiro

Faz tão bem pro cafezal

Não tem problema dizer

O que só nos causa o mal

Entreguei milhões de flores

Para sofrer no hospital

Amigo que tem segredo

É um viver infernal.

Pensei que o mundo é belo

Me enganei por não saber

Dando sorriso ao mundo

Me fechei só pra te ver

Vale mais riscar o chão

Do que penar pra viver

O compromisso da vida

Nos faz penar no sofrer.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de junho de 2020.

INDECIFRÁVEL

Sentimento confuso

Dos pensamentos

Obscuros de viver.

Solidão sofredora

Da minha maneira

Simples de sofrer.

Nunca saberemos

Qual significado

Da palavra morrer.

Porque somos

Pequeninos nessa

Tristeza de nunca saber...

Bento júnior

João Pessoa-PB, 16 de março de 2022.

CAPOEIRISTA

Nesse três de agosto

Viva o capoeirista

Alegrar seu rosto

No passo ritmista.

Todo dia tem

Festa brasileira

É também folclore

A nossa capoeira.

Atabaque toca

Viva berimbau

Girando pipoca

Como carnaval.

Capoeirista tem

No corpo gingado

Ele dança bem

No sapateado.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de agosto de 2020.

VIVER SOMENTE PRA GENTE

Vivendo no inconstante desse tempo

E não tentar saborear respostas

Viver nas incertezas das respostas

Sem nunca saber quem faz este tempo.

Todo tempo se faz imprevisível

É tempo que nunca se saboreia

Com repostas que não se perguntam

Vivem tudo no íntimo da gente.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de agosto de 2022.

DESSE GOVERNO NADA SE ESPERA

O governo federal depois das atrocidades

Pega criança e vai fazendo discriminação

Numa profunda e tão famigerada aberração

Agora pede à volta às aulas nas maldades

Esse governo das mentiras, esconde verdades

Meu pulso não pulsa nesta falta de competência

Intolerância desconhecendo toda a ciência

É o Brasil virado de cabeça para os pés

Sendo só aclamado por tão bem poucos fiéis

Que carregam na testa a falta de uma inteligência.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 17 de setembro de 2020.

É DE SE LAMENTAR

Viver de se lamentar

Nos fatos acontecidos

Um ente dos mais queridos

Sucumbir pela ganância

Que possuem ignorância

E vivem dessa incerteza

E assim penso na certeza

Dos que ver no coração

A dor sem definição

Perdoando essa maldade

Aí se encontra a grandeza.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de novembro de 2020.

ESTÁ CHEGANDO A HORA

Dois números vou apertar

13 com Lula nós vamos

No nordestino votar

Eita minha boa gente

Dois de outubro ganhar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de julho de 2022.

RESQUÍCIOS E PITACOS

Reflexos da existência o nascimento

Mentiras da vida esse enfrentamento

Loucuras da sombra o sinal da cruz

Resquícios da luta o nome Jesus

Pitacos da mulher a criação

Vestidos da paz nossa salvação

Correndo da estrada essa caminhada

Fugindo da floresta a passarada

Valores da televisão a novela

Falações da moça essa passarela

Palavras da amiga essa mesquinhez

Métodos da mãe toda a solidez

Matérias da senhora essa doutrina

Mistérios da cova nossa má sina

Saudade da casa essa alta lembrança

Dormidas da cama essa grande herança.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 11 de agosto de 2020.

TANTO FAZ COMO TANTO FEZ

Tanto faz como tanto fez

Tanto fez como tanto faz

As oito sílabas em cena

Que vão falar da guerra e paz

Se você disse que eu não presto

Eu não presto para você

Se gosto de ficar em paz

A guerra só me faz sofrer

Você só me trouxe essa guerra

A paz você já se esqueceu

Onde terá sido que eu errei

Diga o que foi que aconteceu?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de agosto de 2020.

ENVOLVENTE

Ele era tão inteligente

E tinha um olhar decente

Nunca fez mal pela gente

Viveu nesse continente

Pensou assim amargamente

Foi de forma intransigente

Este homem meio contente

Ficou mais tarde demente

Tirou dos olhos a lente

E jogou fora a patente

Não se lançou mais à frente

Pois, bebeu sódio e solvente

Foi caindo assim de repente

Pra viver matou serpente

E tomou só aguardente

Deixou alado a sua mente

Pronunciou ser contente

Mesmo indo a indigente

Ele era tão inteligente.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de novembro de 2020.

EROS ERECTO DO PRAZER

Entre beijos e os abraços

Me condeno por pensar

Que esse teu beijo mau dado

É a causa dum abraço

Bem meigo que vai atingir

Os nossos divinos seios.

Por enquanto

Duas línguas

Vão roçando

Vislumbradas

Nesses olhos

De quem presencia essa grande cena

E encena o anseio do nosso pecado

De tocar o sexo

E nesse bom âmago

Desse grande gozo

Debruçar os braços entre beijos e abraços

Que camuflam durante uma porção de tempo.

No momento duas feras

Contracenam na penumbra

De um silêncio saciando o prazer

Do nosso fazer por sentir prazer.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de maio de 1986.

ESTAMOS PERDENDO A PACIÊNCIA

A pandemia sucumbindo vidas

Pula os degraus da nossa consciência

Enfraquecendo todos os sinônimos

Quem fica perde toda paciência

A doença vem somente mostrar

Neste mundo esta tal intransigência

Pobres comendo o pão desse destino

Pela falta do saber da ciência.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de novembro de 2020.

EU E VOCÊ

Eu e você, só você e eu

Nós dois quase complicando

Digo: Nem quero saber

Eu e você, só você e eu

O amor é um bem maior

Eu preciso tanto ver

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de novembro de 2020.

VELHO BASTO

Se você anda cansado

e ainda não se aposentou,

faça como o velho Basto

típico trabalhador.

Acorda às dez em ponto

e não consegue sofrer,

por mais que o mundo lhe tente

ele nunca quer saber.

Velho Basto é sujeito

que tanto jovem queria,

pra mentir não leva jeito,

é que a sua formação

foi bem regada a um bom dia,

alegrando o coração.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de junho de 2020

POETA FÁBIO MOZART

Fábio Mozart, gente fina

Deste que se dá um nó

Arranha gato em comeeira

E dorme em dia de sol

Faz barata popular

E pastor ficar pior

É primo de um tal Ameba

Que mora no cafundó.

Fábio Mozart completa ano

E o cabra nem quer saber

Abusado como sempre

Mas não consegue esconder

Sua grande plantação

Faz a arte fortalecer

Um poeta criador

Mais de sessenta viver.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de outubro de 2020.

FIM DOS TRABALHOS

Quando o sono vem chegando

Que a mente fica fingindo

A vista toda escurece

A tecla vai permitindo

O cansaço invade o corpo

O sonho já se desponta

Meu olhar de perde na tela

Meu deitar logo me aponta

Tentando sair desse abismo

Talvez quem sabe um poema

Rasgo a propaganda lida

Risco qualquer do problema

Preciso sair, já é tarde

Para assim e vou pra cama

Sinto peso e a criação

Saio para minha dama.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de agosto de 2020.

GOL DOS ABRAÇOS

Meu riso é bom e faço

No riso eu me desfaço

Neste futebol dos traços

Driblo sonhos, dou um passo

Entre corpos e melaços

Faço gol, vou pro abraço.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 19 de julho de 2021.

ILUSÃO

Viver

Sorrindo

Silêncio

Do Tempo

É vida

Aberta

No sonho

Ficar

Feliz.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de novembro de 2020.

SENTIMENTO

só uma coisa acelera

o meu sentimento de homem

que maltrata o pensamento

e isto é tudo que tenho

olhando pela janela

o coração desmantela

e o trem da vida atropela

acelera sentimento

faz pulsar o coração

sentimento de mim mesmo

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de junho de 2019.

IRÁS PARTIR SE HOUVER PASSAGEM

Eu passeando de trem

Eu passeando de ônibus

Nessas trilhas dessas matas

Nos mergulhos nesses rios

Viajando de navio

Eu voando pelos céus

Em tudo há uma passagem

Sem ela não vais partir

É como essa vida é

Nós estamos de passagem

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de outubro de 2020.

COMO UM FILHO DO

CÃO VEIO NASCER

Bento Júnior

O Diabo lá do inferno

Sem ter nada o que fazer

Foi no mato buscar lenha

Pra o Capeta se entreter

Uma cabeça de vaca

Sozinho pegou a mexer

Fogo subia paredes

Pra Satanás não morrer

Aquele caldeirão enorme

Depressa logo a ferver

Botaram bem dentro dele

A folha de mussambê

Falaram que o resultado

O mundo ia conhecer

Seria o pior político

Que veio aqui aparecer

Demônios correm ligeiro

Porque precisavam ver

O Cão chamado de Bobo

Quis tudo dali saber

O Lucifer deu um pinote

E botou tudo a perder

Ele pegou a lagartixa

Fazendo tudo espremer

O sangue da coitadinha

Chegou logo embranquecer

Jogou dentro desse fogo

Pra todo mundo comer

Matou duas jararacas

E começou a contorcer

O resultado depois

Um corpo sobreviver

Estava tudo tão podre

Naquele imenso feder

Tudo dentro da panela

Até para o amanhecer

A terra de cemitério

O bicho foi pra escolher

Pois botou com água suja

Ele mesmo foi beber

Fumaça corria mundo

Tudo fez escurecer

Daquela simples ideia

Nascia péssimo ser

Que seria um presidente

Que nunca iria saber

Como se governa mesmo

Sem bondade oferecer.

João Pessoa-PB, 15 de novembro de 2010.

JOÃO GRILO INVOCA A SANTA

Me valha nossa senhora

Senhora da conceição

Me livra do purgatório

Do fogo da inquisição

Me livra nossa senhora

Do pecado e a ingratidão

Me valha nossa senhora

Senhora da conceição.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de março de 2016.

LAVA JATO

Nunca mais leve seu carro à lava jato

Porque não se tem palavras para dizer

Nem tampouco somos críticos desse fato

Somos vítimas, disso podemos saber

No veículo a sujeira, nada de trato

Ficou mais sujo que só vendo para crer

Há neles a revolta com todo aquele ato

Lhe fazendo somente tentar desfazer.

O que pensávamos daqueles lavadores

Que chegaram para acabar a corrupção

Mas não, foram eles mesmos os condutores

De fazer acontecer a contradição

Não lavando carro nenhum desses senhores

Deixando grande vácuo nessa escuridão

São eles mesmos os malditos destruidores

Que brincaram com nossa Constituição.

Eles não combateram nenhuma lavagem

Muitos carros deles deixaram sujeira

Jamais aconselhamos a triste roupagem

Que tentou moralizar com sua torneira

Corja transparência usando uma boa imagem

Fazendo a clientela que é estrangeira

Optar pela perda até mesmo da embreagem

Além da podridão que ficou na ladeira.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de julho de 2020.

QUASE MEIA NOITE

Quase meia noite

Família na cena

Em mim um açoite

Eu digo, que pena

Ainda é a noite

Penso nesse lema

Viver pelo açoite

Quando o mundo encena

Ainda é a noite

Chega meia noite

Sem nada de açoite

É esse dilema

Viver nesta noite

Esperando a cena

Dos fogos no açoite

Abraço e um problema

O nosso ano novo

Sou digno, és plena

Chegou meia noite

Soluça esse povo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 31 de dezembro de 2000.

MEU AVÔ

a meu avô paterno, Ascendino Paulino

Meu estimado avô

Chamado Ascendino

Fez parte de mim

Deste meu destino

Carregando em vida

Feito um bom menino

Andando na feira

Lendo bons cordéis

Ouvindo repente

Meu avô eu aprendi

Para a eternidade.

Rosto de bondade

És meu avô querido

Nas recordações

Sinto as emoções

Para a eternidade.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de outubro de 2020.

MEUS ÓCULOS EM HENDECASSÍLABO

Meus óculos embaçados de sujeira

Retirados sem a minha permissão,

É que estou em estado de uma brincadeira,

Penso que tudo não passa de ilusão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de julho de 2020.

ANDARILHO

Nós somos andarilho

E poetas errantes

Voando como pássaro

Cansado de cantar

Subindo grandes árvores

Admiro ser pessoa

Viajando, voltando

Revendo sentimento

Não vem dentro de mim

Busco no mais efêmero

Estragos temporais

Neste viver hostil

Nós somos andarilho

E poetas errantes.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de junho de 2018.

SIGO NA PAZ

Autor: Bento Júnior

estou sorrindo

você calado

eu canto bem

ficas irado

saio correndo

e não te vejo

quando te encontro

você só finge

o fingimento

mais arrebenta

arrebentado

sigo na paz

João Pessoa-PB, 28 de junho de 2020.

NEGACIONISMO

Quem nega tem que saber

Então procure aprender

Negar o que não se sabe

Na minha mente não cabe

Estou pagando pra ver

Essa tal de negação

Faz o mundo estremecer

Negando todo problema

Não tentar compreender

Dá um riso de vaidade

Negar da sociedade

O direito de entender

É não querer entender

E tudo tenta negar

Dá nó em nossa ciência

Nesse absurdo se postar

É Porque eu vivo aprendendo

É o que mais compreendo

Não negue pra não contar.

Bent0 Júnior

João Pessoa-PB, 12 de setembro de 2020.

NEGRO OLHAR

Quando aquele negro olhar

Se fez presente na história,

Houve sonhos no caminho,

Quase perde o contratempo.

Todos riram um sorriso

Que não se deve conter.

Cinco estradas são cruzadas,

Dois encontros no destino,

Olhares vislumbraram...

No prazer de negro olhar

Da alma se faz coração.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de setembro de 1989.

NESTE DIA DO SURDO

Relembrando vinte e seis de setembro

Dia do surdo é comemorado

A Língua Brasileira de Sinais

Dá o mote para ser comentado

Nossas escolas trabalham a Libras

É um sonho que me deixa inspirado

O poder político gera código

Vai deixando tudo desinformado.

Nosso surdo e mudo possuem Libras

Para o seu inicial entendimento

A nobre Fonoaudiologia

Brilha a luz para este encaminhamento

Capitalistas não sabem sinais

Das vidas que fazem o movimento

Falam "deficientes auditivos"

E são eficientes no atrevimento.

Neste Dia do Surdo nossa alerta

Ao Sistema da destruição

Que faz o descaso com a saúde

Corrompendo viés da educação

Na luta, na fala e no viver vil

Ouvimos os lamentos da Nação

Libras muitas, faz-se necessárias

Para sabermos o que é aflição.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 26 de setembro de 2020.

DIREITO CONSTITUCIONAL

Autor: Bento Júnior

Ouve-se um dos acusados

Calado ele continua

Nunca querer falar nada

Por que muda sua boca?

João Pessoa-PB, 29 de junho de 2020.

Bati por vezes na porta saudade

E querendo me fiz ser dos pequenos

Nunca quis fazer sucesso por menos

Tentei viver sem qualquer crueldade

Olhando para dizer a verdade.

Corri por setores inadequados

Até machucar o meu pesadelo

Roubei sabendo devastar apelo

Vaguei por caminhos ultrapassados

Através de todo meu desmantelo

Livrei sentimentos amordaçados

Horrendos ficaram petrificados

Observando que fazer pra detê-lo.

Desta forma sou preciso no tempo

Enquanto desperdiças passatempo.

Leiam tudo que é para leitura

Imaginando somos escritores

Mantenham os charmes sem ter loucura

Amamentando fatídicas dores.

Façam versos e não queiram as rimas

Ingratos viveres sempre se vão

Lendo doçuras no trem do vagão

Hostilizando males da paixão

Ou todos valores te contaminas.

DÉCIMA NONA

Meu compadre Zé Preá

Não me canso de falar

Eu sou filho de João

O tal primo de Seu Abdias

Que mora bem acolá

Próximo ao Riachão

Nas terras de Malaquias

Não sei mas o quer que faço

Vivendo nas agonias.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 29 de agosto de 2020.

NOSSO PAÍS NÃO POSSUI RACISMO!

ONDE MORA ESTE VICE PRESIDENTE?

Com a linguagem obscura

Responde este subalterno

Engravatado com terno

Nunca percebe a loucura

Pautada na criatura

Que usa da maledicência

Por falta de inteligência

No Rio Grande do Sul

Guardas de um tal Carrefour

Matam pela Consciência.

Em Porto Alegre, que bela cidade

A violência ser tornou manchete

Negro não teve no dia o confete

Perdeu sua vida só por maldade

Naquele supermercado covarde

É a história do ser intransigente

É a guarda muito incompetente

E alguém diz nesse falso moralismo

- Nosso país não possui racismo!

Onde mora este vice presidente?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de novembro de 2020.

O EFEITO DO DEDO NO ORIFÍCIO SELVAGEM

Eu peço que nunca queiram me interrogar

Que não quero lembrar dessa história de dedo

Vou guardar comigo este bem grande segredo

Nunca será tão fácil eu me acostumar

Porque de fato me faz mal até pensar

Aquele grande homem de branco bem vestido

Fez o papel de um cabra muito atrevido

Pegou seu polegar na grande sacanagem

O efeito do dedo no orifício selvagem

Me deixou um tanto envergonhado e entristecido.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de agosto de 2020.

O POLÍTICO NA POLÍTICA

Estranhos sorrisos de frangalhos políticos

Dominando o mundo inteiro desses farrapos

E contaminando os sonhos dos libertinos

Encontra a resposta deixando todos trapos.

Políticos da plebe ferem os princípios

Determinando o calar dos sobreviventes

Conseguem num pouco tempo suas desordens

Implantando a má febre nos homens decentes.

Religião é o ópio, anuncia o Marx

Deixando o político em total divergência

E as guerras frágeis aconteceram no tempo

Destruindo os inventos, atacando a ciência.

Capitalistas se dilaceram na terra

E explodem nas classes menos favorecidas

Porque essa política não fez bons políticos

Sucumbiu o desejo de todas as vidas.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de julho de 2020.

O RISCO DE VOLTARMOS ÀS AULAS

A volta às aulas vai dar o que falar

Congresso parado, existe alguma pressão?

Deputados e senadores, qual a opção?

Vocês são pagos, voltem para trabalhar.

Nossas escolas não pararam de estudar

Professores, alunos e comunidade

Eis aí a grande responsabilidade.

Se voltarmos agora sem tomar vacina

Iremos todos numa eventual chacina

Transmutando este vírus na sociedade.

BENTO JÚNIOR

Professor de Rede Pública de Ensino

VIAJANTE DE OUTRORA

Nessa valsa repentina dos tempos

Botei o chapéu e me tornei cidadão

Dancei tango na Cidade Moscou

E toquei baião no Afeganistão

Conheci o folclore de toda Ásia

Pisei na terra do Rio Jordão.

Direto ao Egito numa eleição

E vi o império escravo se libertar

Eu falei com Moisés sem seu cajado

Ganhei bom tempo e fui atravessar

Aquela imensidão de Mar Vermelho

Nem cheguei no meio e já quis voltar.

Voltando de Moscou fui encontrar

Com Cesar em Roma se embriagando

Tomando a cana que faz no Brasil

Com a Cleópatra cansada e olhando

Direto pro cara que lavou as mãos

Para aquele homem que andava lutando.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 16 de novembro de 2020.

BEATIFICADOS

Beatificados aqueles que acham

Beatificados aqueles que amam

Beatificados aqueles que ardem

Beatificados aqueles que bailam

Beatificados aqueles que batem

Beatificados aqueles que bicam

Beatificados aqueles que bolem

Beatificados aqueles que cabem

Beatificados aqueles que cantam

Beatificados aqueles que casam

Beatificados aqueles que chamam

Beatificados aqueles que choram

Beatificados aqueles que dormem

Beatificados aqueles que erram

Beatificados aqueles que forçam

Beatificados aqueles que gostam

Beatificados aqueles que jogam

Beatificados aqueles que lambem

Beatificados aqueles que largam

Beatificados aqueles que ligam

Beatificados aqueles que livram

Beatificados aqueles que louvam

Beatificados aqueles que lucram

Beatificados aqueles que lutam

Beatificados aqueles que mentem

Beatificados aqueles que migram

Beatificados aqueles que moram

Beatificados aqueles que morrem

Beatificados aqueles que movem

Beatificados aqueles que nascem

Beatificados aqueles que notam

Beatificados aqueles que olham

Beatificados aqueles que ouvem

Beatificados aqueles que pecam

Beatificados aqueles que pensam

Beatificados aqueles que querem

Beatificados aqueles que rasgam

Beatificados aqueles que riem

Beatificados aqueles que roubam

Beatificados aqueles que saem

Beatificados aqueles que saltam

Beatificados aqueles que salvam

Beatificados aqueles que selam

Beatificados aqueles que servem

Beatificados aqueles que sugam

Beatificados aqueles que surgem

Beatificados aqueles que tentam

Beatificados aqueles que traem

Beatificados aqueles que vagam

Beatificados aqueles que velam

Beatificados aqueles que sonham

Beatificados aqueles que acham...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de agosto de 2018.

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O TREM QUANDO APITA

O trem apitou na sua chegada tão serena

Rasgando todos aqueles meus sonhos de criança

Que faz voltar a marca de toda aquela lembrança

E ainda me recordo do acontecer daquela cena

Eu negro do sol e você uma linda morena

Eu não vi ali no vagão nenhuma felicidade

Pois deixei comigo um grande pedaço de saudade

Que divido com todos, e esta é a nossa vida

Uns chegaram e outros vão tão cedo dar a partida

Nesse trem sem lugar, mas despertando liberdade.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de agosto de 2020.

OS MALES E OS ARREPENDIMENTOS

Sofrendo males arrependimentos

Não consegue entender a humanidade

Dizendo conhecedor dos direitos

Assume toda a falta de verdade

E assim o país vai entrando no caos

Não entendendo sua sociedade.

É enganado e esta é a questão

O Brasil aniquila os oprimidos

E garantindo a desordem diária

Fica faminto para os ressentidos.

Não há problema nesse poder central

É mistério desse ressentimento

Pobre sofrendo vai tendo doença

E morrendo faz mais um sofrimento.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de agosto de 2020.

Poeta Antonio Xexéu

É o autor deste fato

Acontecido em Brasília

Conforme relata um rato

Que ouviu de um percevejo

Obrando dentro do mato.

Por ser um assunto chato

Para o corpo social

Não teve divulgação

Na TV ou no jornal

A união do besouro

Com a moça paranormal.

Esse encontro sem igual

Se deu por conveniência

Conforme vou explicando

Pra você tomar tenência

E saber como se deu

Essa assombrosa ciência.

Natura em sua regência

Proíbe esse casamento

Espécimes diferentes

Não rola acasalamento

Mas em Brasília proseiam

Uma ema e um jumento.

E tudo naquele centro

É demais inusitado

Inseto que se declara

Senador e deputado

Cobra cascavel no bote

Se veste de magistrado.

Até gorila fardado

Quer ter a voz de comando

Todo o reino animal

Em Brasília vive em bando

Lutando pelo poder

“Porque quero, posso e mando.”

A barata se achando

Abalada em seu poder

Criou um certo Centrão

Onde costuma vender

O rol de dificuldade

Para mais fácil comer.

E então prevalecer

Lei do prevaricador:

Eu te dou facilidade

Em troca do teu penhor

É dando que se recebe

Reza o aproveitador.

O inseto comedor

Quer garantir sua cota

Para isto planejou

Atrair o idiota

Mudando seu paletó

Em traje de “patriota”.

Nessa nova fatiota

O besouro Bolsonaro

Da família Rola Bosta

Se vendo no desamparo

Aceitou o casamento

Diante do despreparo.

Porque é bastante raro

O besouro refletir

Sistema cognitivo

Não lhe deixa concluir

Um pensamento correto

O que faz bem é mentir.

E diante do zumbir

Do enxame de insetos

Em volta dos excrementos

Com projetos indiscretos

O corrompido sistema

Distribui os seus dejetos.

Esses lances abjetos

Precederam a união

Do besouro Rola Bosta

Em repentina paixão

Com a barata safada

De olho no seu quinhão.

O cacique do Centrão

É o besouro Carrapeta

O outro é Robertinho

Que quando dá na veneta

Atira pra todo lado

Com a sua escopeta.

Ele viu a coisa preta

Quando então foi condenado

Por lavagem de dinheiro

Em um negócio privado

A livre iniciativa

É o seu maior primado.

Com o seu nome fichado

Na relação “ficha suja”

Robertinho dá de ombro

O despudor sobrepuja

Diz que defende a moral

Cagando na dita cuja.

Com o canto da coruja

O besouro Bolsonaro

Se abriu para o Centrão

Que ele tem um bom faro

Pra rescender safadeza

Como inseto ignaro.

Aceitou o bom amparo

Dos insetos de rapina

Noivou logo com a barata

Achando linda a menina

E marcou o casamento

Que cinismo é sua sina.

Acertada a propina

Feita a distribuição

Dos cargos comissionados

E loteada a nação

Passaram a jogar o jogo

Da vil esculhambação.

,

OSTRACISMO TARDIO

Tendo como exemplo os péssimos governantes

Não há como termos sossego nessa existência

Eles te roubam toda a tua consciência

E tu entras no mundo dos lúdicos errantes

Viajando pela podridão dos falantes

Nunca conseguirás ter paz num só momento

E haja desarmonia que vem sofrimento

Governar não ficou para nenhum fascismo

As consequências te levam ao ostracismo

E teu voto servirá de arrependimento.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de agosto de 2020.

VERSOS BÁRBAROS

Autor: Bento Júnior

Não há lugar nesse mundo de Deus Onipotente

Que me faça pensar que esse silêncio tem vida

Porque sonhando em meu berço de poucos viés

Trafego em ondas que me levam à despedida

E assim vou vivendo tragando o aroma daqui

Doando a saudade que faz roer a ferida

Oh! Deus que tanto me afaga nas noites suaves

Por que não me trocas por qualquer coisa perdida?

Penso no tempo e saio como a querer voltar

Mas eu dou de cara com meu retorno sem ética

Eu planejo a resposta que vive em mim guardada

Porém, preparado, abro a página de 'A Poética'

Na releitura da 'República' de Platão

Silencio no fundo da caverna maléfica

Durmo o sono que os minutos me atendem sorrindo

E finalizo o acordar nessa pátria patética.

João Pessoa-PB, 23 de junho de 2020.

PARAÍBA E SUAS RAÍZES CULTURAIS

O Projeto Paraíba e suas raízes culturais

Fazendo engrandecer o processo de nossa aprendizagem

Veio da boa Escola Frei Afonso a sua bendita imagem

O Cordel, o Teatro, a Música, a Dança e as Artes gerais

Conduzido por docentes nestes períodos anormais

Brilha na estampa de João Pessoa nesta pandemia

No virtual, online, há congraçamento e tem alegria

Com alunos recitando dentro do caminho da ideia

Se fazendo presente em suas casas na boa plateia

E assim este projeto ganha vida e se faz poesia.

BENTO JÚNIOR

João Pessoa-PB, 20 de outubro de 2020.

PEQUENAS COISAS

Autor: Bento Júnior

Nas vidraças da janela

Tantos vestígios de insetos

Formigas trafegam livres

E besouros são incorretos

Percebemos saguins no alto

Com banana no cajueiro

Debaixo de uma palmeira

Maribondo desordeiro

Construiu casa com a garantia

Seus amigos muito protegidos

Olham assim meio desconfiados

E pensam que somos desconhecidos

Um bem-te-vi canta forte e desperta

Por nunca saber do que ali se passa

As folhas caem e vão respirando

Vendo Seres Vivos aqui sem graça

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 04 de junho de 2020

PÉ DE IGUALDADE

Vivendo num grande hospício

Vencer esse sacrifício

Deixar o tempo correr

Datar em ata o viver.

Chorar o seu choro quente

Parar e nunca ir à frente

Perder sem ter compromisso

Bater e sendo submisso.

Vidas em pé de igualdade

Mundo na desigualdade

Mulheres bravas constantes

Homens vivendo inconstantes.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de julho de 2020

PÉS LIVRES

Nesses livres versos que escrevo

Me encontro atordoado

Sinto meu corpo inteiro

Muito mais que machucado

É que a televisão mostrou

Muita gente sendo despedida

Correm moleques pelas calçadas

Com tanto amor nessa vida

Chora uma mãe de família

Que tentou até ser atrevida

Morreu um dos filhos dela

Unha e carne com a polícia

Que nos finais das contas

Era o chefe maior da milícia

E assim nessa desordem social

A imprensa capta toda malícia

Se serve do capitalismo em vigor

E depois dão tiros na razão fictícia

Mas, o fato que tanto nos atormenta

Estava ainda querendo acontecer

É que essa mãe também veio morrer

Com um salário que ninguém aguenta

Tendo o mínimo não se sustenta

Ela traficou ópio pro ricaço

Só ouvimos gemidos de estilhaço

Gastou o lucro para sobreviver

E todo morador veio esconder

Sendo vítima de todo fracasso

Os maconheiros da vila

Tiveram que deixar aquele lugar

Com medo dessa forte onda

Que veio somente para barganhar

Um bom trago na maconha

Que aliviasse a fome das favelas

Mas lá não é terra de segurança

Vi pessoas sem nenhuma das costelas

Arrastadas pelas ruas esburacadas

Sem ninguém dar um pio por elas

São as violências urbanas em que se vive

Servindo de dados em desfiles de passarelas.

O poder se corrompeu a tal ponto

Que não há distância entre a vida e a morte

Ou se filiam ao partido das arbitrariedades

Ou se entregam totalmente à livre sorte.

Quem vai muitas vezes nos proteger

Mata em nome de uma legitima defesa

Onde o pobre, muito mais quando é negro

É caça preciosa aos olhos da presa

Que tiram o direito dessa sociedade

Tudo em nome de uma grande limpeza

Feito filme de faroeste das antigas

Que matam e destroem a natureza.

Quem tem coração para pensar

Explode sentimentos em toda existência

Vivemos uma época de total descrédito

Dos valores da vida e de toda ciência.

O que fazer diante do caos instituído?

É algo que precisa depressa ser feito

Não há como extrair bondades dos fatos

Na tomada cotidiana do direito

O continente vai passar por transformações

E no brasil ela certamente terá efeito

As invasões imperialistas do poder capital

É a causa desse estúpido e cruel defeito.

Nascer num país desprivilegiado é motivo

De chacota diante dos povos de toda nação

Perderam os sentidos da pátria em harmonia

Pregando a discórdia e a nossa desvalorização

Resolver o problema que todos sabem

Depende do juízo que faz essa nossa população

Mas todos estão tão cansados desse cotidiano

Que fecham os olhos nessa espetacularização.

E assim as igrejas elegem os seus representantes

Que ao chegar no poder querem ficar eternos

Usando do livro sagrado fazem da política

Um sentido maior para eles serem subalternos

E assim a melancolia de gente que pensa

Nem tem tempo para dizer aos donos dos ternos

Que eles tirem a roupa do crime cometido

E construam o céu onde eles criam os infernos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 27 de julho de 2020.

O MUNDO QUE VIVEMOS

É difícil ou quem sabe mais fácil

Conduzir o ser pro raciocínio

Dessa lógica louca, desse mundo

Nesse mundo sem ser nunca do mundo

Pergunto pro mundo qual a razão

Perco na lógica, troco talvez

Quem sabe se restam os pergaminhos

Todas pérolas tombam no caminho

Viver no mundo e não se pertencer

E qual sentido faz ser desse mundo

Se somos do mundo que não vivemos?

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de junho de 2022.

O PASSADO E O PRESENTE

O passado tão presente

Aponta o futuro incerto

Pois, percorrendo caminhos

Achome mais bem correto

Sou fissurado em bons sonhos

E não acho nada ser certo.

Vivo nos ares do tempo

Sou passageiro do trem

Adoro olhar a paisagem

Falar com qualquer alguém

Perder de vista esse amor

Deixando o vício ir além.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de novembro de 2020.

POVO PEDINDO ESMOLA

E O GOVERNO NO EMBALO

Num pedaço de chão

Onde há dentro a miséria

Morreu Dona Quitéria

E seu primo João

E o marido Tião

É por isto que falo

Vidas indo pro ralo

A desgraça se assola

Povo pedindo esmola

E o governo no embalo.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de agosto de 2020.

SEMVERGONHICE

Hálito de cafeína

Beijar a minha menina

Saciar toda esta sede

Balançando nesta rede

Deus do Céu nos ilumina.

Ela quer semvergonhice

Ah! Meu Deus se ele subisse

Eu ia direto aos ares

Te amava por entre os mares

Imaginem quem me disse?

Foi aquela cigana louca

Meio assim com a voz rouca

Que explicou bem direitinho

É tão bom fazer carinho

Sem ter que beijar na boca.

Que vontades nesta fé

De provar do teu café

Nesta rede a balançar

Sem ter medo de ficar

Agregado em ti, mulher.

Esse tempo é bem curto

Você pode ter um surto

Pois, sei que não vou dá conta

A cabeça quase tonta

Não é parte desse furto.

Eu sentei e fiz uma prece

E ela me disse: Se apresse!

A rede se arrebentou

Ela então se conformou

Se não vou, ela se oferece.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de setembro de 2020.

QUAL SERÁ A MINHA COMISSÃO?

Se tiver de ser, será

Esse meu coração em prantos

Documentos regulares

Os povos irregulares

Da moça perdese encantos.

Nesse poder que atropela

Se tiver de ser, será

Se defender sem defesa

Na flacidez da fraqueza

Deixa tudo como está.

Advogados nesse pátio

Eles ditam o conceito

Alterações de finanças

chorando como crianças

Todos querem o direito.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de dezembro de 2020.

RESPEITE POR SER MULHER

Pra mamãe diga que sim

O que não falou pra mim

Vá contando mesmo assim

Se você assim quiser

Olhe bem a seu redor

Não deixe nada pior

Fazendo o que é melhor

Respeite por ser mulher.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de agosto de 2020.

O CORDEL DA NOSSA HISTÓRIA DE LUTA

MORA NOS ESCOMBROS SAGRADOS DA ÉTICA

Do Nordeste para o Mundo percebi

As entranhas que atrapalham a consciência

Quando jovem a luta pela sobrevivência

Fez nascer meu ficar, meu desistir

Muita gente boa de briga vi partir

Agarrando a rubra bandeira da dialética

E comecei ler de Aristóteles, a Poética

Rompendo dos temores da força bruta

O cordel da nossa história de luta

Mora nos escombros sagrados da ética.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de julho de 2018.

QUEM TEM CARTEIRA NUNCA PRECISA MOSTRAR

QUEM DÁ CARTEIRADA QUER MESMO SE EXIBIR

Nesse Brasil que nós vivemos no momento

Tem gente que faz questão dessa insensatez

Ser tolerante há tempo perdeu sua vez

A sociedade hipócrita num tormento

Consegue levar alguns ao sofrimento

E assim existe terreno pra lei infligir

Num país sem méritos no grande porvir

Onde da bondade não há como se esperar

Quem tem carteira nunca precisa mostrar

Quem dá carteirada quer mesmo se exibir.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 20 de agosto de 2020.

RECORDAÇÃO DE MENINO

Liguei a vitrola e botei

Um elepê de cantiga

Fechei meu olho e viajei

Belas canções fui ouvi

Eu não resisti e chorei

O passado fez surgir

Eu me vi como criança

No meu tempo de estudante

Naquele olhar de esperança

A música num instante

Fez lembrar aquela dança

Naquela escola elegante

Eu era tão bem pequenino

Que fui no Itororó

E sonhei com o destino

O ritmo mental deu nó

De velho passei a menino

E recordei meu xodó.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de novembro de 2020.

REDONDILHA MENOR

Acho que cheguei

Será que parei?

Você procurou?

Nada não encontrou?

Chegue, por favor...

Tudo agora achei.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de junho de 2020.

QUASE

O meu amor quase chegou

Pra falar de entendimento

Já que eu me chamava Bento

Tenho signo abençoado

E lavo sempre o que sobra

O meu pai pede licença

Minha cabeça não pensa

Se um dia eu for encontrado.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de agosto de 2020.

O ANO SE ACABA

o tempo depressa passa

tal qual uma frágil taça

estraçalhada na praça

e eu, pobre e simples mortal

escapulindo do mal

vou completando de sal

bebo e tudo em mim desaba

gira o meu chapéu pela aba

no século que se acaba

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 31 de dezembro de 2000.

MEUS CÃES, MEUS GRITOS

Autor: Bento Júnior

Antes triste do que nunca

os meus olhos se debatem,

numa tristeza profunda

todos os cães em mim, latem

esse latido apavora

e saio feito zumbi,

pois, quando penso em voltar

o mundo quer consumir

todo o meu ser que se agita

bem sabendo do que quer,

se canto francês na China

ou discrimino essa fé

que faz o povo sofrer

sem ter uma solução,

começa então debater

e morre numa aflição

de sair sem ter um destino

porque essa volta é cética,

e não sabendo o que faço

acordo e leio a Poética.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de junho de 2020

MORRERAM MAIS DE CEM MIL

Oito de agosto chegou

A notícia se espalhou

Morreram mais de cem mil

Lugar de nome Brasil

Dois Mil e Vinte é o ano

Famílias num desengano

Chorando pelos seus mortos

Xingam o poder dos tortos

Hoje esse número assusta

A vida quanto nos custa?

Virose dita de fraca

Somente esse pobre ataca.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 08 de agosto de 2020.

MALDIÇÃO QUE NÃO SE SABE

Ele não se conhece, nunca sabe

O que pensa sobre revolução

Pega as armas todas da salvação

E se me mete onde nunca se cabe

Prefere que tudo ali se desabe

Para não ser vítima da paixão

Porque ele não quer que aquilo se acabe

Sabendo de algo que nunca se sabe

E na profundeza da solidão

Segue o destino dessa maldição.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 27 de julho de 2020.

CIDADÃO DOS FURTOS

No veneno social que sucumbe

Perco o desejo de ser cidadão

Nas vontades adversas ao meu eu

Que me faz revolta em contradição

E nessa onda de roubos e dos furtos

Meu pensar é um vício nessa espreita

Quando durmo ninguém me acordará

Nesse dissabor que não se respeita.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 16 de julho de 2020.

ENTRE O HOJE E O VIVER

Hoje

Bem cedo

Me ocorreu

Que ele explicasse

Não houve explicação

Fiquei bem indignado

Mas matei dentro de mim.

Procurei toda resposta

E juro não encontrei

O que é que eu faço

Esse meu jeito

Se sou assim

Viver

Hoje...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 15 de julho de 2020.

TE QUERO POR LOUCURA

Quando eu te conheci por questões ambientais

Me fiz guardião do meu próprio segredo.

Caminhei por entre pedras e me fiz admirador

Do meu próprio e singelo medo.

É a vida que carrega tons, na música dos meus sons

E os ouço a tarde, noite ou pela manhã bem cedo.

Vivo tão ambientado que me faço desconhecido

No conhecido que existe em ti, alegra meu arvoredo.

Eu te quero por loucura, mil abraços e ternura

A cantar sob a espreita desta linda criatura.

Sou pedaço de silêncio gravado na memória

Dessa tua estraçalhada e meiga doçura.

Não sou isso ou aquilo, sou eu querendo você

No mais terno e simples aconchego,

É você que brilha a face da minha espera

Quando saio, quando fico e quando chego.

Eu te quero por loucura

Nesta boca que doçura

És meu segredo nesta altura.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 30 de junho de 1992.

ENCANTOS DE ANSIEDADE

Todas nossas palavras guardam encantos

Enquanto essa espera emerge o saber

De nunca aquela palavra saber.

Toda ocasião do agora

Reflete o espectro desse ontem.

Sonhar é sempre importante

Mesmo que esse nosso sonho

Nos encontre atordoado.

Quanto mais e mais alguém

Mais e mais um coração

Vai se afastando do amor.

Onde caminham os nossos sintomas

Habitados em cada um dos neurônios?

Odiar seria o caos

Para toda ansiedade

Buscada nesse silêncio.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 11 de agosto de 2020.

SE VOCÊ DIZ QUE ME AMA

Se você pensa em mim

Eu não penso em você

Se você diz que me ama

Querendo aparecer

Eu digo que não te amo

Você já vai saber.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de novembro de 2020.

INDECISÃO DE UM INDECISO

Autor: Bento Júnior

Não era isso que eu queria lhe dizer

Não era isso que eu queria lhe fazer

Não era isso que eu queria lhe bater

Não era isso que eu queria lhe meter

Não era isso que eu queria lhe vender

Não era isso que eu queria lhe ceder

Não era isso que eu queria lhe dever

Sempre foi isso que eu nunca te pedi

Sempre foi isso que eu nunca te cedi

Sempre foi isso que eu nunca te menti

Sempre foi isso que eu nunca te bati

Sempre foi isso que eu nunca te senti

Sempre foi isso que eu nunca te fingi

Sempre foi isso que eu nunca te assumi

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de junho de 2020.

POEMA LIVRE DE DORES E LAMENTOS

Vou fazer poema livre na dor

Nele contido vai ter dissabor

Nem importa qual motivo será

Nele contido reflexão terá

Vamos arregaçar as nossas mangas

Meu poema bota flor das pitangas

Vou comer poesia das acácias

Vamos deixar de frequentar farmácias

Porque sou sadio como poeta

Detestamos ter droga sem ver meta

A linguagem é servil pensamento

Meu poema livre é de lamento.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de julho de 2022.

CHUVA DE LADEIRA

É chuva que desce ladeira

Molha ricos e pobres

Te quero por vida inteira

Passeando entre plebeus e nobres.

Ela quando passa ligeira

Cai pesada na telha

Em árvores dá rasteira

Ferra mais que abelha.

Oh! Chuva anuais de outrora

Por que não voltas como antes?

No quarto fechado dos amantes

Eu te queria, minha linda, agora

E se chegares, não vais embora

Ficas até o término do ato

No gozo faminto de sobressalto

Eu a quero fina caindo

Não me importa se estás traindo

No relevo, planície ou planalto.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de Abril de 2018.

O MUNDO INTEIRO BRIGANDO

E EU AQUI COM NOSSO FILHO

Eu preciso do teu beijo

Com gosto doce de milho

Sinto o cheiro do abraço

Como trem anda no trilho

O mundo inteiro brigando

E eu aqui com nosso filho.

Nesta angústia de espera

Perco a pose e o brilho

Vivo solta nesta vida

Vencendo o empecilho

O mundo inteiro brigando

E eu aqui com nosso filho.

O ventre tão decadente

Feito massa de polvilho

Eu entendo minha vontade

De andar comendo milho

O mundo inteiro brigando

E eu aqui com nosso filho.

Não tenho pressa na vida

Meu estimado andarilho

Te amando em cada esquina

Este amor eu compartilho

O mundo inteiro brigando

E eu aqui com nosso filho.

A água que eu tomo

Não passa de um quartilho

A sede que vive em mim

Dispara como sendo um gatilho

O mundo inteiro brigando

E eu aqui com nosso filho.

Ouço uma música distante

E peço logo o seu estribilho

Vou amando este meu ventre

Comendo um belo sequilho

O mundo inteiro brigando

E eu aqui com nosso filho.

Sou a mulher que te ama

E tuas cartas eu pontilho

A guerra se estendendo

Num famigerado caudilho

O mundo inteiro brigando

E eu aqui com nosso filho.

Vou seguindo o destino

Percorrendo este longo trilho

Sabendo que estás longe

E bem distante és maltrapilho

O mundo inteiro brigando

E eu aqui com nosso filho.

Sou bailarina que vistes

Como ondas de espartilho

Voando numa coreografia

Deparei-me com um ladrilho

O mundo inteiro brigando

E eu aqui com nosso filho.

Tenho quatro criaturas

No verso de um trocadilho

A rima que está comigo

Nunca eu me humilho

O mundo inteiro brigando

E eu aqui com nosso filho.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de Abril de 2018.

OH! DEUS SALVE NOSSAS URNAS ELETRÔNICAS

Embaixadores cabos eleitorais

Naquele Planalto vivem constrangidos

Porque também ficaram aborrecidos

Quando todos foram descobrindo, quais

Mudaram os processos desses jornais

Tantos de fato teriam envolvidos

Na tramoia medíocre dos sem sentidos

Dessas forças repletas dos anormais.

Oh! Deus salve nossas urnas eletrônicas

Sacrificadas nesses noticiários

Em que pese falsos passos mandatários

Embaixadores exigem águas tônicas

E sofrem distante daquelas sinfônicas

Num fracassado que se faz melancólico

Desse gestor que nos diz ser estrambólico

Lesador da Pátria das doenças crônicas.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de julho de 2022.

TENSÃO PÓS MENSTRUAL

Pega uma faca e corta

Extirpa esta garganta

E come com alho e cebola.

Faz de cada rodela

Um desabado de lágrimas

Caídas da artificialidade.

És tensa porque queres

Porque tens tudo:

Cebola e alho

Choro e arrependimento.

BENTO JUNIOR

João Pessoa-PB, 29 de abril de 2018.

A MAIS LINDA HISTÓRIA DE AMOR

A Mãe

Como sempre

Rainha das horas

Rainha do meio

A Filha

Como sempre

Minha história

Minha vida

Minha despedida.

A mais linda história de amor

Sucumube os valores

De todas as noites

De todas as tardes

De todos os dias...

Foi-se embora ela

A Menina Linda

Num sopro de mágica

Levando consigo a mãe

A família, a reflexão.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 22 de agosto de 2019.

APOLO

Foi embora e não latiu

Não deu adeus e sumiu

Irmão de Max, não se buliu

Apolo foi um cão

Estrondo de um trovão

Seu latir foi comoção.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 18 de maio de 2020.

CINQUENTA E SEIS

aos meus anos

Sonhar-se pelo sonhar eterno

Eterna-se pelo sonhar efêmero

Porque a vida é trânsito em via dupla

Causa-nos sonhar em via única

Quando somos eternos em duplicidade.

É assim que sinto cada sentimento

Que sente no íntimo da minha estrada

A estadia de pousar cada ano

E assim as cinco décadas que trafego

Me faz livre enquanto o tempo

Aturar-me...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 28 de fevereiro de 2017

VÍVIDO

a Jamaci Aranha (no seu aniversário)

No sopro do tempo

Há um tempo para tudo

Para a vida, na vida da gente

Há um sopro de luz

Na luz que brilha

No brilho vívido do Ser

De ser paz na paz do teu riso

Paz na luz do teu viver

Paz por todos caminhos vividos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 03 de setembro de 2010

LAJEDOS E TERRA BATIDA

ao poeta Ednaldo Rangel

O cabra quando é valente

Se assobe em riba de burro brabo

Dá coice em vaca parideira

E quando menos se espera

Dá no bode uma rasteira

Quando o cabra não quer ler

O que esse caba escreve

Aí o cancão pega fogo no céu

É um chiado de quem come calado

Sentado num banquinho de jurema

Com os pés enfiado no chapéu

Onde já se viu, seu moço

Ser assim como o poeta

Das bandas de Parari ele se orgulha

Um cabra de peia dos bons

Metido a valente no rio mergulha

Só sendo nordestino esse cabra

Pra acender um cigarro de palha

Cuspir na calçada e contar história

Não tem quem aguente sua pisada

Espanta cobra e amedronta preá

E pense num cabra que tem memória...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 27 de abril de 2017

MENTE REVOLUCIONÁRIA

Acredito ser possível

Possivelmente nós acreditamos

Nada será impossível

Desta forma todos nós juntos vamos

A revolução das mágoas

Os nossos olhos com águas

Para sermos vida nós precisamos.

A luta é o que nós almejamos

Haverá possibilidades, sim

Nossa cabeça será nossa luta

Nosso viver sem jardim

Flores são dilaceradas

Pessoas desesperadas

Resgataram dos túmulos o Caim.

Meus versos são munições

Cantados por multidões

Não será preciso ter violência

Precisamos respeitar a ciência

Revolucionários do país

O que você mesmo diz

Perdemos a paciência.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de dezembro de 2021.

NAS ENCRUZILHADAS DE CADA CAMINHO

Asmático de espera em vão

Acorrentado pelas mãos do além

É essa singela condição humana

Num sempre de nunca chegar

Num chegar sofrendo de espera

E nessa perplexidade sinalizada

Correndo na estrada sem volta

Quem está do outro lado se revolta

É que essa sombra não condiz

Com a situação às vezes imposta

E nessa corrida mal resolvida

Passa quem nunca se quer

Quem se quer nunca vem

E quando vem vai embora

Numa ida de pouca vista

E assim trilhando o saber

Amordaçado por nada saber

Vive pelo prazer da espera

Nas crateras de um abismo

Abismado em cada encruzilhada.

BENTO JÚNIOR

João Pessoa-PB, 27 de dezembro de 2011.

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PERDÃO DE SANGUE

às minhas atitudes no berço familiar

Quando eu nasci num mês de tanto frevo

Minha mãe sorrindo gritou ao mundo

E este grito ecoou num ato de puro amor

Era domingo, não um domingo qualquer

Chorava minha mãe como uma célere dor

Depois de um primeiro, outros viriam

E assim se foram seis ano após ano...

Passando o tempo no tempo de cada um

Apavora-se o primogênito entre todos

E como rebeldia tenta através da força

Impor verdades guardadas a sete chaves

Minha mãe, meu pai, não são os mesmos

Os filhos que habitam num teto em desarmonia

Silenciam-se nas palavras ditas pela força.

BENTO JÚNIOR

João Pessoa-PB, 23 de março de 2015

PÔR DO SOL

Entre pôr do sol

E brilho das estrelas

A lua desponta suave

Como vidas

Trilhando por todos

Os mares...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 25 de julho de 2022.

RESISTENTE

Não há resistência

Por insistência

Há vontades...

Caço estampas

E cada caça

Sou presa...

Não há resistência

No campo e no mato

A caça se vai...

Presa no tempo

A palavra se encontra

E não há resistência...

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 10 de novembro de 2013.

PLAGIANDO MULHERES DE MARTINHO DA VIDA

Dedicado à Norma Sueli (minha esposa - companheira e amiga - eterna namorada dos sonhos - encontros e desencontros de nossa existência humana, carregando em si essa essência de viver...)

Já tive namoradas de todas as espécies

Umas até confiáveis

Outras bandidas e insaciáveis

Já tive namoradas

Ardentes

Dementes

Incoerentes

Já tive namoradas fiés

Já tive namoradas infiéis

Já tive namoradas sorridentes

Outras caladas, guardadas

Já tive namoradas e com nenhuma fiquei

Fiz silêncio no peito e explodir a paixão

Corri léguas tiranas até que gostei

No pedaço do tempo nunca me expliquei

Já tive namoradas

Com passagem e fiz plano

De todas elas que um dia eu tive

Garanto na vida

O ficar e a despedida

Mas todas passaram, desenganos

E hoje uma delas é minha mulher

E é essa mulher que escolhi

Minha namorada, a que de fato amo...

PASTOR PEDREIRO

Pra construir tem tijolo

Tijolo pede cimento

Cimento tem que ter água

É vida no movimento

No traçado do trabalho

No trabalho do momento

O momento do dinheiro

Dinheiro é um fomento.

Fomento de pregações

Na pele do bom pastor

Com a voz de galanteio

Faz a prece por favor

Pedreiro é dispensado

Mais dinheiro que sobrou

O fiel sente firmeza

Porque pensa que lucrou.

O pastor tem microfone

E nele divide lucro

A fala é mais que bomba

Daquele devoto xucro.

Xucro por definição

Nesse dízimo sagrado

O pastor virou pedreiro

É mais capitalizado

O templo é de reforma

Com ganho sacrificado.

Sacrifício é palavra

Sem ter de sacrificar

Exercitando fatores

Pastores querem lucrar.

Igrejas se tornam bancos

E buscam autonomia

Se tornam pedreiros natos

Provam da melancolia

Aplicação vem na certa

Na modesta poesia

Como devotos perversos

Conhecem sua fatia.

Naquela frágil vontade

Quer ser toda negação

Pastores são comandantes

Desta perplexa nação.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de julho de 2022.

NA PAZ DO RISO FELIZ

Para Amanda (Filha de Solange e Albino)

Encontro de jovens com Cristo tem

Amanda sempre sorrindo feliz

É que tudo na vida se faz luz.

Encontro que contempla tanta paz

Com jovens felizes em harmonia

Vem Amanda louvando bom Jesus.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de julho de 2022.

TRISTE DAQUELE QUE NÃO SABE

Triste daquele que não sente perder

Triste daquele que não se fez lutar

Triste daquele que perde sem falar

Triste daquele que pretende viver

Triste daquele que não soube sofrer

Triste daquele que canta sem plateia

Triste daquele lobo sem alcateia

Triste daquele que não tem fruição

Triste daquele que mata na missão

Triste daquele que morre sem ideia.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de julho de 2022.

MANTRAS NOTURNOS

Tenho tanto prazer

em viver dos sonhos

nesse mundo bom

que não consigo mais explicar.

Meus dois olhos

lacrimejam de posteridade

ouvindo todo som

que canto sem conter.

Vou pôr todos lindos

versos que foram feitos

na madrugada calma de luz e saber.

Nessa terra de cor azul redonda

Comprovamos estudos

dos velozes do sutil ar.

Dou vivas pro gentil universo sabendo

da sutileza dada por pesquisas do mar.

Trafego tantos dilemas

daqueles mantras noturnos

criados pelos mágicos cordelistas.

A música bonita penetra

todo cérebro contagiando

porões daqueles artistas.

Saio descalço sem

alternativa nenhuma

buscando sempre

conter nossas alegrias.

Jamais encontrando

minha procura

volto pro caminho

trazendo tão belas companhias.

Porque sou sobrevivente cansado

simplesmente querendo

ser nômades pacifistas.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de julho de 2022.

SE VOCÊ DIZ QUE ME AMA

Se você pensa em mim

Eu não penso em você

Se você diz que me ama

Querendo aparecer

Eu digo que não te amo

Você já vai saber.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 07 de novembro de 2020.

RAZÃO DO MEU VIVER

Nessa vida tudo passa

Penso nela todo dia

Numa frágil agonia

Só não passa meu pensar

Que fazer pra me livrar?

Livrar dela vou penar

Tão distante vou sofrer

Minha vida é só dela

Tenho seu nome na tela

A razão do meu viver.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 23 de agosto de 2022.

UM TREM SEM VAGÃO

O trem apitou naquela chegada tão serena

Rasgando todos os nossos sonhos duma criança

Fez voltar modesta marca daquela vil lembrança

Recordo desse tal acontecer daquela cena

Eu tão negro do sol e você a linda morena

Não vi naquele vagão nenhuma felicidade

Pois deixei comigo grande pedaço de saudade

Que divido com todos, e nisto tudo tem vida

Uns tão depressa chegam, outros cedo dão partida

Num trem sem ter lugar, mas despertando liberdade.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de julho de 2022.

BOMBA ATÔMICA

Na melancólica praga no Oriente

Um piloto voava feito um capeta

Deixando Hiroshima na fumaça preta

Nagasaki grita alto com a serpente

Num tiroteio captado pela lente

Olhos vidrados numa forma anatômica

Que estraçalhava com a força econômica

Os Japoneses nesse ato desastroso

Faz imperialista vitorioso

Contando os óbitos dessa bomba atômica.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 02 de agosto de 2020.

NÃO SEREI DOMADOR DE PALAVRAS

Não quero ser um domador

Desses seres animalescos

Não dependerei desses fatos

Frágeis homens dos divididos

Não proclamarei cretinices

Sou daqueles esperançosos

Ser um domador de palavras

Animal seremos humanos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 29 de agosto de 2020.

FECHEM TODAS AS PORTAS

Vou querer me despedir

Se meu tempo permitir

Deixo tudo consumir

Se meu grito construir

Vivo querendo servir

Nunca para destruir.

Nosso mundo com as mortas

Precisa ter que mudar

O certo tem pernas tortas

Nem venham me consolar

Fechem todas essas portas

Vão fugir pra relaxar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 29 de agosto de 2020.

PAPAGAIOS E MACACOS

Tem papagaios e macacos

Maribondos e passarinhos

Cachorros e gatos fétidos

Árvores das escabrosas

Grandes dentes petrificados

Tantas fezes degeneradas

Papagaios e macacos

No quintal desesperados.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 29 de agosto de 2022.

MUNDO DAS MORTAS

Na fartura das ovelhas

Velhas pagãs não são frágeis

Velhos viúvos da terra

Se fazem também mais ágeis.

Nosso mundo com as mortas

Precisa ter que mudar

O certo tem pernas tortas

Nem venham me consolar

Fechem todas essas portas

Vão fugir pra relaxar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de setembro de 2022.

LULA E JOÃO

É Lula lá

E nós aqui

Lutando

Amando

Pra sentir

Sem mentir

Um país

Bem feliz

Sem medo

Sem segredo

Ver de novo

Este povo

Num sorrir.

João sim

Novamente

Continuar

Com Lula lá

Abra cortinas

Nossas sinas

É cantar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 21 de outubro de 2022.

A FLOR MATERNA DE MIM

Pequeno fio de cabelo branco

vive dentro da nossa matriarca

destes seus cabelos embranquecidos

da flor materna que foge de mim

A mãe que vive labutando

despojada de tantos sonhos

não responderá pelos atos

A flor sublime

que só delira

morre de sede

É querer ter vida

para conhecer

o que é viver.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 24 de outubro de 2022.

VAGABUNDO NAZISTA

Feliz a nação cujo presidente é lula

Para livrar a todos dum tremendo fascismo

Assim penso como remédio que tem a bula

E por favor leia tudo que fiz, nem engula

Todos comprimidos que já viraram nazismo.

É tempo de reflexão pessoal doutro mundo

Que vive discutindo sem a menor noção

Diga qual esconderijo guarda vagabundo

E responda de fato sem precisar ir fundo

Sei que teu neurônio já vive na perdição.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 26 de outubro de 2022.

NO ANO DE SETENTA E TRÊS

No ano de setenta e três

Gente perdendo roçado

Ninguém quase sem ter nada

A seca que condenada

Deixa mulher de resguardo.

Dois meninos com sarampo

Os outros dois com bexiga

Só tinha água do pote

Misturada com caçote

Pra bater qualquer barriga.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 26 de outubro de 2022.

TREM DESGOVERNADO

Entender esse mundo dessa gente

É navegar num navio sem freio

É percorrer trilhos sem estações

Pra nunca termos o trem de partida

É viver num tempo sem ter guarida

E correr quadrado nas emoções.

Entender esse mundo dessa gente

É não saber quais foram as respostas

Que sobrevivem nas mentes das vidas

Vivem pegando trem sem maquinista

De vera são todos oportunistas

Humanos de visões comprometidas.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 27 de outubro de 2022.

AMARGAS SEMEADURAS

Sofrer, vem de sofrimento

Perder, vem de movimento

Amar, vem das amarguras

Dar, vem das semeaduras

Sofrimento é perder

Movimento é sofrer

Amargura vem amarga

É semeadura larga.

Amargurados tormentos

Movimentados lamentos.

Entender sendo sortudo

É viver quase ser mudo

O mundo das vibrações

Se vive das emoções

Sofrimentos são cretinos

Perdedores são destinos

Das amargas inverdades

São magras sinceridades.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 31 de outubro de 2022.

SOLIDÃO DESVAIRADA

A solidão é desvairada

Quando mata tudo depressa

Se faz preciso não ter pressa

E nem ficar desesperada

Ser solitária é bem triste

Desse viver ninguém desiste

Desta tão singela jornada.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 05 de novembro de 2022.

SABIÁS E GAVIÃO

Sabiá que canta

sorrindo nas folhas

pula num bailado

é iniciante.

Sabiá sabe

que gaviões são

cruéis, cretinos

e não gostam

de melodias.

Morre gavião

os cem sabiás

simples cantaram.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 06 de novembro de 2022.

HERANÇA MALDITA

Herança maldita

Nesta já nascemos.

Herança maldita

E nada nós temos

Herança maldita

E nesta vivemos

Herança maldita

Desta nós morremos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 09 de novembro de 2022.

VICIADO EM PECADO

Misturei meus vícios loucos

Com teus pecados maléficos

Fiz desses encontros poucos

Meus sentimentos atléticos.

Mesmo sendo pecador

Quis rever minha loucura

Mas, nasceu frágil complô

Que me fez viver ternura.

Misturei frases refeitas

Para não te procurar

Chegando tu logo deitas

Sem respostas encontrar.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 11 de novembro de 2022.

NOVEMBRO DE ÁGUAS LÍMPIDAS

Novembro mês onze

é chuva de tantos meses

Goteira tem lata

batidas ouvidas longas

Água limpa cai

nesse corpo que se limpa

O mês é novembro

na sangria desse vento.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 12 de novembro de 2022.

RECONSTRUIR

Reconstruir é a palavra sã

Pra podermos governar o país

O nível da real destruição

Mexeu com o povo que é feliz

Reconstruir de todas as maneiras

O Brasil que ficou tão desgastado

Gente nas ruas colhendo comida

É faminto sendo desempregado.

Reconstruir é mais que necessário

Para voltarmos à normalidade

Arruaças são contabilizadas

Na mais capacitada crueldade

Reconstruir significa dar vez

Para toda multidão da pobreza

Que revira todos cestos de lixo

Investidos dessa frágil riqueza.

Reconstruir em todos os sentidos

É a palavra que desponta sonhos

Precisamos de respirações limpas

Nossos sentimentos vivem tristonhos.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de novembro de 2022.

A PAZ EM MIM E NO MUNDO

Vivo na paz comigo nesse mundo

Vivo na paz desse prazer que vive

E nessa paz comigo sobrevivo

Somos os outros entre tantos outros

Nos encalços desse mundo sou gente

E sendo gente, necessito vida

E sendo vida sou gentil pros outros

E no tal outro sou parte de mim.

Não passo dentro de mim neste mundo

Porque todo mundo mora sem mim

E morando comigo tenho sonhos

E nestes sonhos de mundo sou largo

Profundamente morador de tantos

Que vivem a rondar todos meus passos

Meus fracassos, meus temas são de mim.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de novembro de 2022.

EMPECILHOS DO TEMPO

Se é pra viver nas incertezas do tempo

E não querer provar das respostas malditas

Viver nas plenitudes desses empecilhos

E não saber do tempo dado pelo sábio.

O tempo que se mede na clareza

É contratempo que se saboreia

Repostas que nunca se perguntam

Vivem no íntimo de nossa gente.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de novembro de 2022.

SEM LÓGICA

Quando teve conhecimento por questões normais

Se fez guardião do seu singular segredo tosco.

Caminhou por entre toscos e fez admirador

Daquela sofisticada razão de não ter medo.

É vida que carrega tonalidade servis

Tocadas nas tardes, nas noites ou nessas manhãs.

Ambientado sem nada, quase desconhecido

No conhecido que viveu dentro de si, foi vírgula.

Nunca quis por gratidão, mil abraços e perdões

Cantarolou virtudes desta tão linda serpente.

É pedaço de silêncio gravado na memória

Da fiel sentimental cabeça que não dispensa.

Foram o que vão vivendo dentro de ti

Na mais terna razão de não saber viver.

É você que tem brilho na face da lógica

Quando fica, quando vai, quando sempre chega.

Nunca lhe desejam loucuras

Na boca das neutras bravuras

Foste novela nas alturas.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 13 de novembro de 2022.

FILHAS MATINAIS

à Camila e Carolina

Estágio no matinal

De filhas nessas estradas

No social vai correndo

Nas manhãs ensolaradas

Duas nesses compromissos

Nas caras de chateadas

O volante já bem cedo

Sem haver nenhum segredo

Vai seguindo caminhadas.

Bento Júnior

João Pessoa-PB, 14 de novembro de 2022.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 15/11/2022
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