Rosa e espinhos

A mesma rosa que profana o meu coração

É a mesma rosa que o rasga...

São momentos, puros momentos de reflexão e de verdades ditas pela metade.

Sei que da rosa a língua é morta, é tremula, omite verdades

Que às vezes, a própria rosa desconhece.

A verdade de, calada, aceitar a minha doce conquista, o meu desbravar.

Quisera eu ser o seu senhor, absoluto;

Quisera eu ter-te plantado o mais sublime sentimento;

Quisera eu, na jardinagem da vida, te regar toda noite em nosso jardim,

Onde com inveja nos olharão nossas fadas, nossos duendes.

Quisera eu te fazer flor no justo momento do cio...

Quisera eu mas não posso, pois nasci com raízes falsas, tarde demais.

E agora só me resta tê-la virtuosa em minhas retinas e em meus sonhos...

E te imaginar e te amar e te esperar, esperar que um dia

Você saia dessa floricultura onde nada mais te acrescenta;

Pois pra mim, antes que me lances espinhos, sera sempre rosa...

Nada mais que rosa, rosa, rosa, nada mais.

Vicente Freire – 02/10/1985.