Contramão
Sem notar porquês,
Repito nomes e fatos
Repito gritos
Calados no peito
De um novembro qualquer.
Sem notar onde
Tudo recomeça ali
Todas as peças
Do mesmo jeito
Nenhuma mudança sequer.
O que sabota
Bota na cabeça
O que devia ter acabado
Mas se mantem gravado
No sótão da casa.
E o que piora
A insana espera
De que seja diferente
Truques do inconsciente
Afiando as garras.
Sem notar como,
A mesma terça-feira
Aquele feitor
Que mal me quis
E que ainda mal me quer.