Sangue nos olhos

Vem com a força da natureza

que nos conhece a voz, o canto, o grito.

As mortes e as nascentes.

Vem com as verdades das estrelas

mais sábias,

fagulhas sobre os escombros.

As dores nuas ao sol dos meus dias,

os medos laçados, sem prevenção.

Com as marcas todas do tempo

e os sonhos encharcados

de luz, vem.

Com as manhãs desenhadas

a tinta escarlate.

O traço primário.

A alma descalça.

Vem

segurar a estação.

Com sangue nos olhos

e flores nas mãos.