INSALUBRE

A intempérie é o prelúdio

Do dilúvio de poemas sobre a chuva.

A noite toda numa simultaneidade

Contínua de solidão,

Seja lá o que for isso,

Como se chovesse centavos

No voo das cores,

Grande feito a vida

Insalubre

Com a morte na borda do mundo,

Peregrina com promessa de mofo

Às portas de abrir uma brecha no Tempo --

Tanta água,

Há choro na umidade,

A mágoa do que aconteceu --

Há tempo,

Há ruga,

Pele turva --

Preciso afogá-los em sangue

Das nascentes.

Do porto seco em terra plana

Toda superfície alude

Ao silêncio, em caso de discrepância,

Dos meus olhos andarilhos,

Tudo é longe-vento, o prazer dos sonhos --

Grave para sempre

O momento em sua bandeja de prata,

Nos trilhos, um segundo de paz.

Tormento e velórios polifônicos --

É de dar medo, mesmo assim,

Aqui dentro, um manto verde.

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 26/12/2022
Código do texto: T7680164
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