Poema do Faz-Merir

Nas andanças pelo norte - perdido -, encontrei o Faz-Merir

Bixo pequeno e esperto, das brenhas e matas do Sertão

Atarracado e esverdeado, trazendo seu pequeno violão

Dizia o Faz-Merir:

Faz-Merir do Norte;

Faz-Merir do Sul;

Faz-Merir do Leste e Faz-Merir do Oeste;

Faz-Merir é o mesmo, tanto aqui quanto ali.

Faz-Merir é sublime;

Faz-Merir é antigo;

Faz-Merir é secreto;

Faz-Merir é decrépito.

Faz-Merir não tem cheiro;

Faz-Merir não tem tempo;

Faz-Merir é passageiro;

Faz-Merir é concreto.

Faz-Merir é bem forte;

Faz-Merir é ilusório;

Faz-Merir é volátil;

Faz-Merir é inflamável;

Faz-Merir é importante;

Faz-Merir é reluzente.

Faz-Merir é tesouro;

Faz-Merir é perdição;

Faz-Merir é Ouro de Tolo;

Faz-Merir, para o sábio, a salvação.

Então perguntei:

Faz-Merir, estou perdido. Por onde devo ir?

É por ali! respondeu o Faz-Merir,

e se embrenhou nos matos, e se adentrou nas brenhas

Faz-Merir me salvou

Faz-Merir me deixou

Faz-Merir foi embora

Faz-Merir. Onde ele está?

Ouço, de longe, o Faz-Merir responder:

Faz-Merir aqui e acolá;

Faz-Merir está ausente;

Faz-Merir está presente;

Faz-Merir está em todo lugar.