Memórias de sala de aulas

É engraçado, estamos acima do meio do ano

E o retrato novamente faz-se presente.

Há três anos que venho observando;

Começamos o ano em festa, com sorrisos e idéias

Que muita das vezes não se completa

Por falta de base e objetivos, isto porque?

Bem! Lá no canto, as coisas pareciam ir bem,

Pareciam até pardais; e lá atrás?

Êta ferro! Isso é que é duvidar e discordar.

Sempre, sempre, uma eterna algazarra,

Parecem ter futuro de doutor.

E lá na frente? Aí sim, uma turma de não sei o que,

Mais observadores do que doutores.

Muita sagacidade em todo mundo,

Muito ego, pouco brilho, mas mesmo assim

Ainda ia-se levando.

Mês 7 do ano letivo, observo agora com tristeza

Cá só sentado à mesa, nem mesmo que de novo refloresça

Inda que os pendões apareçam, os corpos não agüentam

As cabeças de idéias cansadas e simples, de olhares anêmicos e tristes

De marcas na pele maltratada por sisos de bocas fechadas...

Amém, por minha alma que cala

Amém, por minha mão que escreve

Não de acordo pelos muitos que saem

Não de acordo pelo que se refere.

Amém, pela mão que hoje vara

Meus dois tempos de geografia.

Amém, por minha caneta que fala e

Que me perdoe a titia.

Amém, por todos vocês e

Por essas memórias de sala.

Vicente Freire – 08/09/1982.