Nas tardes que se alongam

Nas tardes que se alongam

Sobre os muros da cidade

Muro rude de prédios

Que não se importam

Com o vergar do horizonte

Pessoas em desalinho

Vão pensando onde achar

A pequena chama

Que os leve além

Do casulo pegajoso

Das mercadorias voláteis

Pensam em sair e voltar

Sempre ao mesmo lugar

Cada vez mais curvadas

Até que um dia

O desassossego as traga

E joga na vala comum

Para onde vão todos

Depois de servirem com sangue

Ao deus insaciável

A que chamam capital

Paulo Luna
Enviado por Paulo Luna em 09/05/2023
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