O Amor

Viu-se da arma

Da bala encravada no peito

Da vida que morre matada

Do grito do horror derradeiro

Viu-se da raiva

Do ódio cerrado na faca

Do sangue da luta acabada

Do remorso, da dor e da mágoa

Viu-se da flor rasgada

Do gozo cruel de quem fere a beleza

Da marca talhada na alma

Do amargurado fim da pureza

A porta fechou.

E o que saiu deixou por dentro

Um vazio agoniante

Um nada

Viu-se do choro

Da dor desesperada

Da solidão que não sabe ser só

A casa do amor é o choro.