ROTINA ( Todo dia a mesma sina )

Rotina que desloca minha retina

Tira do meu sangue a hemoglobina

Não me deixa sentir seu cheiro de la belle

E nem percorrer as veredas de sua pele.

Rasga o tempo com as mãos

Suga as tetas da parasitagem

Risca o fósforo e põe fogo na concepção

Aperta os parafusos da sacanagem.

Dissolve a idéia num copo de massa de tomate

Faz da programação uma diarréia

Mastiga os bons tempos como se fosse geléia

Torce instantes de alegrias com alicate.

Passa a régua na atitude

Deleta os casos, as historias, os costumes

Surfa sem ondas na amplitude

E degusta a nostalgia como se fosse um prato de legumes.

Tampa a boca do riso

Cospe na face da diversão

Chuta a bunda do improviso

Enruga a pele da ação.

Vende os litros vazios da percepção

Aterra os valores

Salga os sabores

Alfineta a participação.

Recita sem voz

Dorme sem olhos

Grita sem garganta

Chora sem lagrimas.

Rotina que vira sina,

A insatisfação vem embaixo e assina,

O corpo fede dentro da latrina,

A mente se dissolve em toxina.

Rommyr Fonttoura
Enviado por Rommyr Fonttoura em 17/12/2007
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