E tu !

E tu !

Donde estás ?

Escondido no teu corpo cômodo- esconderijo-mor?

E tu !

O que fazes ?

Escondido no teu corpo - covardia

E tu !

O que dizes ?

Repetições das repetições das repetições alheias

E tu!

O que pensas ?

O tu!

O que sentes?

Nem só o anestésico que te cega,

te emudece e te brutaliza?

És um seguidor das fuligens que restam dos sobejos dos outros

E tu ?

Mais nada a seguir,

cansado de cuspir nos mesmos prantos a vida inteira ?

O que tu !

O que te resta ?

Nenhuma fresta de sonho

Nenhum rastro perfumado da poesia que permeia a aura do cotidiano !

Apenas vomita, vomita, vomita...

Apenas debruça-se nos enquadramentos

E nas lamúrias e penúrias

Nos lamaçais ordinários

de ser o mesmo fantasma de ti mesmo !

E tu !!

Espantalho anêmico

Maltrapilho de grife

Vampiro tosco

Verme dos teus achismos

E tu ?

Onde estás ?

Faminto e sedento por mesmismos

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 13/07/2023
Reeditado em 30/07/2023
Código do texto: T7836100
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