salto do pulso

Salto do pulso, parto

para o pulso regresso,

a fogueira a arder consome

e a linguagem recobra alento

para avançar, perseguir, as estrelas

entrelaçam-se com as palavras, luminosas,

tempestades, o horizonte escurece

e ilumina-se, numa tempestade sem

denominação, apenas o susto vagueia

pelos cantos, sacudindo as árvores

e exprimindo o que só a natureza entende,

o silêncio, a razão destituída, o corpo

sabe mais que a mente, o poema da cambalhota

na escuridão do tempo, quem o escreverá,

é necessário? ele questiona, mas não pronuncia, ele

encolhe-se, mas precipita-se, deseja um nome, o

vapor da espera desespera, o tédio percorre

as paredes das artérias, que expelem êxtase

de luz e azeite, submerso, o poema move perna,

braço, chama, suspira, permite-se perecer, mas

não perece, somente a loucura o resgata, deposita-o

na praia, beija-lhe a boca e suga-lhe o néctar,

engasga, expulsa para fora todo o passado da sua

viagem, ergue-se, arruma o corpo, veste o manto

de signos, e parte em direção ao infinito das prateleiras.