lua

A esta hora, as lavadeiras já labutam na noite,

A pedra é esfregada, fagulhas no ar, a vida num traço infinito.

A obra, passiva, só é, pois é amada com fervor,

Inclina-se em redondeza num buraco na mente, na frente do rosto.

Amarela, vermelha, devora-se para ser inteira,

Na sombra se perde, moldada pelo corte que lhe dá nome,

Sobrenome, melhor ainda, unido a ela, substantivo que se requebra,

Minguante ou cheia, ela dá aos namorados abraços que se consomem.

Na minha janela, um mundo em sonho se desenha,

Como saltar de um belo para um outro, que seja belo e apreensível?

Resta a rua, com asfalto em farrapos e bancos partidos,

A impaciência nos rouba dos instantes, separando almas e sentidos.

Certo dia, conheci senhora caduca, nada a feria,

Pois do céu descia beleza que pavimentava a estrada,

Com o mel da criação, não caducos zombavam ainda,

Do tronco retorcido das árvores dos manguezais, a natureza encantada.

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 16/08/2023
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