da identidade

A cal se entranha no troco, cuja a raiz é de sangue,

E das beiradas, junto a terra úmida e fértil verve

Um lodaçal de lama, que planta cresce onde a terra

Tem petróleo o sol as esquenta e suas labaredas queima,

Atormentado quem delas precisa, morde os dentes, anda

A cavalo, cavalo imaginário que nem pensando atravessa

Os vales, já amei uma mulher, uma flor tomada de sol,

Orvalhada depois na noite ou dentro da noite onde a

Luta corporal, intensa, estrema e trêmula destila o solo

E dele escorre ouro líquido como uma água que lembra

Uma memória que só derrama quando as mãos tocam outras

Mãos e desse lago profundo e profano, por isso mais sagrado

Algumas imagens se prontificam, e nele, ainda sujo de sangue,

O seu retrato, quando ainda desejava conhecer a floresta e

Não sabia que treva escarlate a transformaria em pedra, mas

Que em memória colhia os mistérios, sem saber que já tinha

No bolso sua pedra filosofal, então essa mulher se tornou

Alvura e vento, imortal, na pele que antes, supurada, veste

Da vida a sua tolha excelsa, então compreendi que a morte

Não existe, o corpo não mata o amor sincero, apenas desfalece

O vapor da partida, o odor impertinente da falta, e alegria até

Então engarrafa, pressurizada numa câmera de pensamento,

Vaza na raiz do caule, e na gente, se torna identidade.

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 17/08/2023
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