Tu o dizes

Logo cedo\

Quando abro os olhos\

Tu o dizes\

Meu filho\

Ame\

Eu, dono de mim\

Viciado nas coisas que consumo\

Envenenado pelo prazer\

Rotulado com um nome\

Iludido pela posição\

Pela luz incandescente do poder\

Sem olhar pra ti\

Sigo vazio, o meu caminho\

As vezes\

Me atropelo e me espinho\

E além do mal, que caminha, os imprevisto, vem a todos\

Na dor das lágrimas recorro a ti\

Com toda misericórdia\

Outra vez\

Na solidão dos segundos\

No oculto dos mundos\

Com todo o carinho\

Tu o dizes\

Meu filho\

E repetes em tantos montes\

A maldade não sai de tempo\

Mas pra evitar sofrimento\

Afasta de ti o desejo da carne\

Todo o tipo de vaidade e soberba\

A ganância, a conduta vergonhosa\

Não seja prosa\

Deixe o seu coração leve\

Das correntes desse inferno\

Porque em breve\

Poderás partir\

Afasta de ti a conversa tola\

A vontade escabrosa\

Não permita brincadeira e palavras obscenas\

Não se deixe persuadir pelo teor da açucena\

Se você refletir\

Assim como o inverno\

Na sua estação\

Ele deixa de existir com o verão\

Assim será esse sistema\

Que ninguém se engane com palavras e ações vãs\

A desobediência fez o homem perder mais do que rumo\

E a irá virá como julgamento\

Não professes a dor\

Nem comungue com a miséria\

Não penses que a tua esmola\

Será o teu legado\

Pra moeda de troca\

No que vos professo\

Como vida eterna\

Meu filho\

Vem deitar no meu abrigo\

Vem comer comigo\

Na minha casa\

Não precisas de nada\

Assim está escrito\

Nascestes do pó\

E ao pó votarás\