PETRICOR ou APONTAMENTOS PARA UMA CRÔNICA

Depois da chuva bailam no céu as nuvens,

Proclamam-se as promessas de um bom tempo,

Os homens olham pro alto, se curvam

Ao advento novo de um novo tempo!

No ar, emana um cheiro de coisa boa

Do cio da terra, um surto de geofagia!

Quando as águas da chuva se escoam,

Os meninos externam suas pequenas alegrias!

São uma "meia dúzia de gatos pingados”

A disputarem, entre eles, as calhas;

A gritarem, a bendizerem da chuva, o legado:

Neblina, gotas, pingos... que estes, molham!

A postos, vagarosas, vão as centopeias;

Em passos alternados são muitas as saúvas,

Nessa nova história, semelhante epopeia,

E, choram a falta dos seus maridos as viúvas!

Olvidadas as “obras de Santa Engrácia”!

Livres os colibris, as libélulas, as borboletas

Esquecem do amor, muitos, sob falácias...

Meu Deus, cadê? Estão extintas as violetas...

Escondidos, felpudos e asquerosos caranguejos

Saem, a transitarem, por aí, pelas pocilgas.

De tudo um pouco, aqui, eu ouço e vejo,

E, sabe a folha que corta cada formiga!

Logo, como num ciclo, surgem as tanajuras:

Ouve-se a revesada e ingênua indignação

Das chuvas tardias, - dessa velha cultura -,

E, eu penso em epifanias... Transfiguração!

Francisco Ohannah Oleanna Osannah Galdino
Enviado por Francisco Ohannah Oleanna Osannah Galdino em 27/11/2023
Código do texto: T7941187
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.