Hotel dos sentimentos

O que abrigava aqui até poucos minutos atrás, parece ter ido embora, de repente, sem aviso, ou sinal algum, justamente da mesma maneira como entrou.

Subiu um calor desconhecido, e uma vontade imensa de poder voltar os ponteiros alguns segundos que seja, para ver se pelo menos consigo identificar o momento da saída.

De fato, que a saída foi a mais sutil de todas.

Desse modo, procedeu absolutamente ao contrário da maneira como havia chegado, fazendo barulho, tirando o sono, dando tapas e derrubando tudo o que houvesse pela frente.

Mais perturbador ainda é agora o sentimento de perda, por essa coisa que nem ao menos possui de fato. Estava aqui por vontade própria, veio como pode, se alojou como quis, e eu, não apresentei resistência alguma.

O erro foi ceder abrigo assim a algo tão desconhecido. Mas era tão mais forte...ah...

Do que ficou posso perceber poucas coisas, mas com efeitos colaterais que se destacam de longe dos comportamentos normais e aceitáveis. Uma vontade descontrolada de permanecer sozinho pelo máximo de tempo possível; um asco social impressionante, e a certeza, de que, de maneira alguma, o hotel burro dos sentimentos será tão despretensioso e sem critérios.

Será duro, frio, e sem conforto, da mesma maneira como me sinto, ao passar todo esse turbilhão provocado por essa visita.