RENUNCIA NIILISTA

O que me interessa

é a liberdade de ficar a margem,

de não querer,

de não dizer,

de não gostar,

de não saber,

de não fazer nada,

de não ser parte de nada,

de viver unicamente para nada

quando nada mais importa.

Advogo o desengajamento absoluto,

a radical renuncia de um mundo

que sobre nós desaba

em todas as suas decadentes formas de expressão e desgraça.

Só me interessa

o devir suicida dos condenados,

o alheamento dos enlutados

e o definitivo silêncio dos meus mortos.